Você já ouviu falar do corredor de bilionários de San Francisco? É uma área excepcionalmente rica da cidade, com uma grande riqueza tecnológica, o tipo de lugar em que é possível sobreviver vasculhando o lixo dos endinheirados.
Localizada no topo do Vale do Silício, a cidade de San Francisco tem a maior densidade de bilionários do mundo, de acordo com o novo relatório “Censo Bilionário” da empresa de pesquisa Wealth-X.
No total, são 75 bilionários registrados em San Francisco. Isso significa que uma a cada 11.600 pessoas na cidade é bilionária, um número que supera em grande escala as cidades que ocupam as posições abaixo: New York, Dubai e Hong Kong.
Em números absolutos, Nova York (105) e Hong Kong (87) possuem uma quantidade maior de bilionários, mas ambas contam com uma população de mais de 7 milhões de pessoas. San Francisco tem menos de 1 milhão de indivíduos habitando a pequena cidade.
Enquanto que o resto dos bilionários do mundo perderam parte da fortuna em 2018 devido à incerteza da economia global, os bilionários da América do Norte foram o único grupo do mundo a aumentar em número e em riqueza, segundo o relatório. Sim, eu sei que vocês estavam morrendo de preocupação com eles, mas se recomponham, por favor, eles estão bem.
Essa desproporção de riqueza de San Francisco se estende para além da classe bilionária. Para entrar para a lista dos 20% mais bem pagos da cidade é preciso ter uma renda familiar de US$ 231 mil, segundo estudo conduzido pela SmartAsset, uma empresa de finanças pessoais. Isso corresponde ao dobro da média nacional.
Um rendimento que está no topo desses 20% mais bem pagos corresponde a sete vezes mais que o valor ganho pelos indivíduos no final dessa lista. Os números reforçam a disparidade enorme de riqueza que está constantemente no centro de discussões de San Francisco.
Para prevenir um acúmulo ainda maior de capital durante a onda de IPOs deste ano de diversas empresas de tecnologia baseadas em San Francisco, o supervisor da cidade, Gordon Mar, apresentou uma legislação para aumentar a chamada “taxa IPO”, que seria o antigo imposto de 1.5% sobre os salários. A taxa foi reduzida em 2011 em uma tentativa da cidade de atrair mais empresas de tecnologia.
Ser bilionário parece ser algo irritantemente ótimo, mas para o resto das pessoas em San Francisco, mesmo aquelas que tem a sorte de trabalhar no próspero setor de tecnologia, a cidade é um lugar extremamente caro de se viver. A média dos trabalhadores da área de tecnologia ganha um salário anual de seis dígitos, mas as casas em San Francisco custam, em média, US$ 1,34 milhão e os salários mais baixos chegam a US$ 250 mil.
Se você não trabalha na indústria de tecnologia, você vai enfrentar grandes desafios. Um estudo recente revelou que 90% dos trabalhadores do Vale do Silício tiveram uma redução de salário nas últimas duas décadas quando foram ajustados pela inflação e custo de vida.
“Eu vejo isso como um sinal de aviso”, afirmou Chris Benner, professor da Universidade de California Santa Cruz, ao Recode. “Tecnologia tem sido um negócio de mercado extremamente bem-sucedido, mas precisamos de líderes de negócio para garantir que nossos trabalhadores estão se beneficiando desse crescimento econômico”.
A crise imobiliária em San Francisco foi considerada “código vermelho” pelo governador da Califórnia, Gavin Newson.
“É uma crise”, declarou Newson ao New York Times no ano passado durante sua campanha. “Não podemos viver à base de intenções. No final do dia, se você quiser mover o rato, você precisa mover o queijo. A classe média do estado está se mudando em massas. Isso é um Código Vermelho para a Califórnia”.
A disparidade de riqueza da cidade foi ilustrada de forma mais atenta recentemente quando um oficial das Nações Unidas caracterizou a crise imobiliária como uma “violação de direitos humanos”. Ei, não é qualquer um que é premiado com uma nomeação dessas.