O que acontece se você tem um disco cheio de música e sons, mas não existe qualquer aparelho que possa tocá-lo? Você usa um scanner 3D para extrair as músicas. É o que fizeram cientistas do laboratório nacional Lawrence Berkley, nos EUA, com discos de cera e vidro gravados por Alexander Graham Bell há mais de cem anos.
Bell, que não inventou o telefone, queria tornar a tecnologia do fonógrafo – criado em 1877 por Thomas Edison – viável para as massas. Nos anos 1880, Bell mandou diversas caixas com gravações para serem guardadas no museu Smithsonian, para se proteger contra disputas de patente (pois é). Só que ele não mandou o aparelho para ler os discos, então os sons ficaram presos desde então.
Eis que os cientistas Carl Haber e Earl Cornell, aliados a outros especialistas, conseguiram decifrar o que havia nesses discos usando escaneamento 3D, com um sistema chamado IRENE/3D. A CNN explica:
Para obter o áudio dos discos, os cientistas de Berkeley os colocaram em uma turntable [prato giratório para discos]. À medida que o disco girava lentamente, cerca de 18.000 imagens por rotação eram gravadas no computador. As imagens foram então empilhadas para criar um perfil digital que, quando lido pelo computador, reproduz o som.
Eles não encontraram nada de revolucionário nos discos: apenas pessoas recitando “Ser ou não ser” ou cantando “Mary had a little lamb”. Mas eles só analisaram seis discos, e o Smithsonian possui cerca de 400 discos como este – vai que surge algo incrível por aí. E o mais interessante é que, segundo Haber, decifrar discos assim seria impossível alguns anos atrás – não tínhamos o poder computacional nem o armazenamento para tanto. “Hoje, a tecnologia comercial está apta para esta tarefa”, diz Haber. E pra restaurar CDs, como seria? [CNN via The Verge; Lawrence Berkeley via G1]