Sem CGI, “Barbie” e “Oppenheimer” representam aposta em efeitos visuais mais simples

Dupla lidera uma onda de produções sem efeitos especiais complexos. E isso pode ser uma tendência cada vez mais aproveitada pela indústria
Candidato ao Oscar? "Barbie" tem primeiras reações elogiando elenco e filme
Imagem: Reprodução/Warner Bros.

Quem já assistiu a “Oppenheimer” sabe que a cena que reproduz a primeira explosão atômica é impressionante e parece muito bem feita. Mas mais surpreendente ainda é o fato de que não foram usados efeitos especiais muito complexos na produção; pelo contrário. Assim como Barbie, de Greta Gerwig, o filme não teve uso de CGI (imagem de computação gráfica, do inglês Computer-Generated Imagery).

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Na verdade, a dupla “Barbenheimer” conta com efeitos visuais incríveis, mas a maior parte deles foram feitos com técnicas “old school” — ou seja, mais simples, algumas delas usadas já na década de 1940.

O mesmo aconteceu no filme da boneca mais famosa do mundo. Em Barbie, Gerwig apostou em técnicas que remontam ao cinema mudo e aos musicais de palco para dar vida ao seu mundinho cor-de-rosa, a “Barbielândia”.

Imagem: Universal Pictures/Divulgação

Ascensão de técnicas mais cuidadosas e artísticas

Christopher Nolan reconstruiu o teste Trinity de Oppenheimer usando miniaturas – inclusive da bomba atômica, uma completa recriação da arma de 1945.

Outro exemplo vem com o cineasta Christopher McQuarrie, que construiu uma locomotiva de 70 toneladas só para gravar cenas de “Missão: Impossível – Acerto de Contas Parte 1”. O veículo teve de ser transportado do Reino Unido para a Noruega para as gravações. A equipe também ergueu um vagão de trem a 25 metros do chão para filmar a acrobacia final do longa, protagonizado por Tom Cruise.

Filmes independentes de destaque também estão entrando na brincadeira: o “monstro-pai-pênis” de “Beau Tem Medo”, de Ari Aster, foi feito inteiramente com próteses, por exemplo. Em resumo, o universo cinematográfico está vivendo uma tendência “anti-CGI”.

Katie Spencer e Sarah Greenwood — decoradora de cenários e designer de produção de Barbie, respectivamente — disseram ao The Guardian que a diretora quis criar um efeito nostálgico, para remeter à forma como as crianças brincam.

“Uma das coisas mais importantes para Greta foi a ideia de que, quando as crianças brincam, elas brincam com o toque, acima de tudo. Hoje em dia, somos tão versados no que é real e no que não é real na tela, que até as crianças sabem quando algo é real e tangível. Uma das coisas que [Gerwig] queria transmitir no filme era que esses brinquedos eram reais, eles estavam lá”, relatou Greenwood.

Barbie

“Barbie” chegou aos cinemas brasileiros em 20 de julho – Imagem: Reprodução/Warner Bros.

O que está por trás da recusa ao CGI?

O fenômeno pode ser explicado por vários fatores, como a necessidade de estabelecer maior conexão com os espectadores, criando universos mais naturais, ou uma reação às críticas.

Um dos que foi alvo de críticas devido ao número exagero de efeitos visuais foi o longa “Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania” (2023).

No início do ano, o longa “Certas Pessoas” também deu o que falar. Estrelada por Jonah Hill, a comédia romântica da Netflix usou CGI para o beijo no final do filme. Muitos reclamaram do resultado.

É possível, assim, que essa nova onda de filmes seja reflexo de uso excessivo de CGI. Com isso, pode estar havendo uma certa saturação do público e dos produtores.

Esse fenômeno também acontece em meio à ascensão da inteligência artificial generativa. Com a IA avançando sobre a indústria criativa e causando até um sentimento de medo em relação ao futuro do cinema (pauta que motiva a greve de atores de Hollywood), é possível que isso seja uma tentativa de trazer um caráter mais humano às produções.

Vale ressaltar que, embora os efeitos tradicionais tenham sido muito usados nos sucessos de bilheteria recentes, isso não significa que não haja efeitos visuais mais complexos. Nolan, em particular, foi criticado por não dar crédito a uma grande quantidade de artistas de efeitos visuais que trabalharam em “Oppenheimer”.

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