A Semp Toshiba anunciou ontem sua nova linha de TVs e notebooks para o mercado brasileiro. E para não perder o bonde das novas tecnologias, a empresa mezzo brasileira mezzo nipônica exibiu dois televisores 3D — um deles utilizando tecnologia tridimensional sem óculos, que nós já vimos na CES, em janeiro. Mas por que esperar mais de um ano para enfrentar a concorrência? Os executivos da Semp contaram como anda o mercado de televisores no Brasil.
Seria uma solução interessante se a resolução da tela não caísse drasticamente para criar o efeito e se a movimentação não fosse tão limitada — como a tela gera uma imagem para cada olho, um mísero passo para o lado e tudo fica embaralhado. A tecnologia glassless evoluiu sensivelmente nos últimos anos, mas ainda parece longe do público em geral — trocar os incômodos óculos por uma incômoda mesma posição não parece algo atraente para o consumidor. A Samsung, por exemplo, deixou claro que acha “muito difícil” que essa tecnologia se firme no mercado nos próximos dez anos.
Apesar de o modelo 3D sem óculos ser o mais chamativo do evento, os modelos com óculos 3D ativo que a Toshiba trouxe para o Brasil são bem interessantes. Serão três televisores de LED com 46, 55 e 65 polegadas, todos da linha Regza, ou a topo de linha da Toshiba no Japão e nos EUA. Além de um bom resultado no teste de imagens — pretos dignos para um televisor de LED e taxa de atualização absurda de 480Hz — o 3D funcionou muito bem, inclusive com área de movimentação bem mais aceitável que a concorrente sem óculos. Elas ainda terão USB, Wi-Fi e DLNA — e, segundo a empresa, o acesso à internet terá de 8 a 12 aplicativos no lançamento.
Sem pressa e aceitando a concorrência
A Semp Toshiba diz, sem medo e com toda a sinceridade, que os coreanos chegaram chutando a porta do mercado brasileiro. “Nós estamos sendo pressionados pelas duas concorrentes coreanas, que chegam com preços bastante agressivos”, disse o presidente da empresa, Afonso Hennel. Segundo ele, LG e Samsung têm toneladas de dinheiro para investir e seria “suicídio” enfrentá-las frente a frente. “A nossa política é crescer com um passo atrás. É uma corrida que não queremos participar”.
E, por isso, o mercado 3D é visto com muita cautela pelos executivos. Caio Ortiz, vice-presidente de marketing e vendas da empresa, acredita que os televisores tridimensionais ainda podem frustrar o usuário, que só encontrará alguns filmes e praticamente nenhuma transmissão local em 3D. “A afobação é perigosa, o processo de adaptação de conteúdo para 3D será muito lento, nós acabamos de começar a migrar para o digital”. E o atraso da chegada da tecnologia na empresa pode ser explicado com uma frase de Ortiz: “a Semp Toshiba não é para early adopters, e sim para o mainstream”.
O problema é que LG e Samsung, com suas campanhas de marketing estrondosas e, claro, bons aparelhos e preços, deixaram a Semp Toshiba para trás. Em 2010, a Samsung abocanhou 28% do mercado, disputando cada cliente com a LG, que fechou o ano com 26%. A Semp Toshiba aparece em terceiro lugar, com 15%, “em uma situação confortável” — leia-se sem ameaças do quarto colocado.
Previsões e tablets
E o mercado brasileiro de tablets? “Nós estamos muito envolvidos”, disse Ortiz. A visível empolgação se traduzirá num tablet que chegará ainda no primeiro semestre, com Android. Sem dar muitos detalhes, mas negando que os aparelhos serão da linha Folio ou Libretto, o executivo disse que terá “o tablet mais avançado do mercado”. Ficamos na expectativa.
Sobre datas e preço, a Semp Toshiba não divulgou os valores de suas novas TVs. Só avisou que o modelo sem óculos 3D chegará no mercado apenas no segundo semestre. Já as versões com 3D ativo começam a chegar no primeiro semestre, com lançamentos marcados para o final do ano também. Todos os televisores serão fabricados no Brasil.