Sismômetros em todo o mundo detectam queda na atividade humana em meio a quarentena

Diminuição da atividade sísmica é resultado das pessoas ficarem em casa em meio a ordens de distanciamento social devido ao COVID-19.
A praça em frente ao Lincoln Memorial em Washington DC estava vazia em 17 de março de 2020. Foto: Win McNamee (Getty Images)

Sismômetros em todo o mundo estão registrando uma diminuição da atividade sísmica como resultado das pessoas ficarem em casa em meio a ordens de distanciamento social devido ao COVID-19.

Esses detectores medem ondas sísmicas através da crosta terrestre, mas também capturam movimentações de pessoas, indústria e tráfego na forma de padrões de ruído de alta frequência. Em meio a ordens de quarentena, o geólogo e sismólogo do Observatório Real da Bélgica, Thomas Lecocq, decidiu examinar o sismômetro do observatório e notou que seus níveis de ruído em Bruxelas pareciam mais com as férias de inverno do que um dia de trabalho. Outros sismólogos encontraram uma redução de ruído semelhante em seus sismômetros locais.

A estação de superfície no Observatório Real da Bélgica já esteve em um subúrbio, disse Lecocq ao Gizmodo. Mas a cidade se expandiu e as leituras dos sismômetros agora refletem a movimentada atividade humana na cidade. “Quando neva, tudo fica quieto; quando há uma maratona, podemos ver as pessoas correndo”, disse ele.

Uma leitura de um sismômetro na Bélgica no ano passado, demonstrando um declínio no ruído sísmico produzido pelo homem nas últimas duas semanas. A linha verde indica ruído médio. Os níveis estão se aproximando daqueles registrados durante as férias de inverno. Gráfico: Thomas Lecocq

Lecocq estuda mudanças sutis no ruído sísmico. Não há muitos terremotos na Bélgica, mas ao caracterizar o ruído, eles podem descobrir como removê-lo para ver eventos mais fracos ou mais distantes. Além disso, os humanos não são os únicos que geram ruído sísmico; o vento e o oceano também o fazem, e os sismólogos podem usar isso para monitorar e visualizar a crosta terrestre. Portanto, fazia sentido ele olhar para o impacto da pandemia de COVID-19 em andamento. O Observatório Real da Bélgica publicou o gráfico demonstrando a diminuição do ruído sísmico nas redes sociais.

As leituras faziam sentido para Susan Hough, sismologista do USGS. “Se quase todo mundo ficasse em casa e não mexesse um músculo, os níveis de ruído durante o dia se aproximariam dos níveis noturnos habituais”, disse ela ao Gizmodo por e-mail.

Outros sismólogos realizaram análises em outros lugares. O Reino Unido registrou uma diminuição no ruído de uma estação ao longo de uma rodovia, enquanto estações na França e na Nova Zelândia também detectaram o ambiente sísmico mais silencioso à medida que as pessoas ficam em casa. Lecocq escreveu um tutorial para os interessados em procurar outras estações sísmicas.

Esses gráficos não são muito mais que curiosidade científica, mas a diminuição temporária do ruído pode ser útil para os sismólogos, pois eles podem extrair mais informações de seus dados sísmicos, disse Lecocq ao Gizmodo. Esses sismômetros agora têm melhor sensibilidade aos eventos de frequência mais alta que, de outra forma, se tornam confusos devido à atividade humana, como o vento e o comportamento do lençol freático. Não só há menos ruído sísmico, mas há menos ruído audível também; Lecocq imaginou um estudo correlacionando ruído audível com ruído sísmico e até estudando como o ruído audível aumentou nas cidades com a ajuda de dados sismológicos.

Essas medidas servem como um lembrete direto da pandemia em curso e das muitas maneiras pelas quais o comportamento humano afeta o planeta.

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