Depois que a Canonical revelou a interface do Ubuntu para tablets, o fundador da empresa, Mark Shuttleworth, esclareceu alguns detalhes sobre sua jornada em dispositivos móveis. Quando chegarão os primeiros smartphones com Ubuntu? E como eles tentarão evitar a fragmentação do Android?
O Wall Street Journal citou Shuttleworth dizendo que os primeiros dispositivos com Ubuntu chegariam em outubro deste ano. No entanto, ele desmentiu esta informação: o prazo continua sendo primeiro trimestre de 2014.
É que o WSJ se confundiu: em outubro chega a versão Ubuntu 13.10, que poderá ser instalada em smartphones Android atuais:
Você poderá pegar o Ubuntu 13.10 e instalá-lo em seu Nexus 4, ou 5, ou 6, ou o que o Google lançar até então, e você terá no dispositivo a experiência básica de um smartphone Ubuntu.
Smartphones dedicados com Ubuntu, no entanto, só chegam alguns meses depois, já que as operadoras precisam realizar testes nos aparelhos antes de lançá-los. (Em um momento da conference call, Shuttleworth mencionou o mês de abril.) Ele diz que a Canonical está em negociações “com os mais altos níveis de grandes operadoras na América do Norte, Europa e China” para lançar os dispositivos – ou seja, smartphones com Ubuntu devem demorar bastante para chegar ao Brasil.
E os tablets com Ubuntu? Shuttleworth não cita prazos, mas diz que há tantas incertezas que os tablets poderiam chegar ao mercado até antes dos smartphones. No entanto, o Ubuntu só vai incorporar a interface de tablet na versão 14.04, prevista para ser lançada em abril de 2014. Shuttleworth diz que está negociando com duas operadoras em dois mercados diferentes – sem citar quais – para lançar os tablets. A Canonical diz que não fará tablets, dizendo que sua expertise é em software – ou seja, não espere por um Ubuntu “Nexus” (ou Surface).
O possível problema da fragmentação também foi um dos assuntos da conference call. Shuttleworth lembra que, como o código-fonte do Ubuntu é aberto, tecnicamente as fabricantes e operadoras poderiam modificá-lo à vontade – o que poderia dificultar atualizações e criar um ecossistema fragmentado.
Mas Shuttleworth está otimista, dizendo que nenhum dos parceiros “indicou um desejo de basicamente recriar a fragmentação do ecossistema Android”.
Como evitar a fragmentação? A Canonical preparou ferramentas para promover conteúdo fornecido pelas operadoras – como lojinhas de música e vídeo, por exemplo. Shuttleworth acredita que, permitindo aos parceiros diferenciarem seus aparelhos sem alterarem o núcleo do Ubuntu, evita-se o problema de fragmentação.
E se isso não der certo? Shuttleworth diz que “possivelmente há mecanismos de licenciamento para evitar” que operadoras façam forks do Ubuntu para smartphones – mas este seria um caso extremo. Dado que as operadoras precisam testar o Ubuntu antes de lançá-lo em smartphones, elas talvez precisem de algum tempo – e disposição – para atualizar dispositivos uma vez que eles cheguem ao mercado.
O possível problema de fragmentação ainda não tem uma resposta definitiva, mas como os dispositivos só chegam em 2014, há tempo para se pensar em soluções. Enquanto isso, você poderá testar o Ubuntu mobile no Galaxy Nexus, Nexus 4, Nexus 7 e Nexus 10 a partir desta quinta-feira (21/02), em developer.ubuntu.com. [Ars Technica, The Next Web e The Verge]