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Evan Spiegel, criador do Snapchat, explica motivo do “não” aos US$ 3 bilhões do Facebook

Em novembro passado surgiu a informação de que o Facebook ofereceu US$ 3 bilhões para comprar o Snapchat, app de troca de fotos bastante popular especialmente entre jovens, e que a oferta foi recusada pelos criadores do serviço. Mais estranho do que imaginar alguém oferecendo US$ 3 bilhões por uma ideia tão simples – um […]

Em novembro passado surgiu a informação de que o Facebook ofereceu US$ 3 bilhões para comprar o Snapchat, app de troca de fotos bastante popular especialmente entre jovens, e que a oferta foi recusada pelos criadores do serviço. Mais estranho do que imaginar alguém oferecendo US$ 3 bilhões por uma ideia tão simples – um app de troca de mensagens que duram alguns segundos antes de sumirem pelo resto da história – é pensar que alguém recusou tanto dinheiro assim por essa ideia. Os criadores devem ter seus motivos, certo? E quais seriam eles? À Forbes, Evan Spiegel, uma das cabeças por trás do Snapchat, explicou a história.

Em partes, Spiegel recusou “ganho a curto prazo”, assim como também declarou uma “guerra silenciosa” ao Facebook, podemos dizer assim. A história – pode ser lida em inglês no site da Forbes, e vale bastante a pena – começa no fim de 2012, dias antes do Facebook lançar o Poke, aquele app que é basicamente um clone do Snapchat e que não caiu no gosto do povão.

O primeiro encontro entre Zuckerberg, Spiegel e Bobby Murphy (co-criador do Snapchat e chefe de tecnologia da empresa) ocorreu em dezembro de 2012. Zuckerberg enviou uma mensagem para o email particular de Spiegel com um convite: “Venha para Menlo Park e vamos nos conhecer”. Spiegel aceitou o convite para conhecer o criador do Facebook, mas não queria viajar – ele sugeriu que Zuck fosse até Los Angeles conhecer Spiegel. E foi isso o que aconteceu.

Os dois jovens empreendedores se encontraram em um apartamento em Los Angeles, reunião que também contou com a presença de Murphy. O que Zuckerberg queria, no entanto, não era uma conversa amigável, um bate-papo com umas cervejas, nem assistir a um jogo de futebol. Ele praticamente ameaçou a existência do Snapchat. Zuck apresentou o Poke para Murphy e Spiegel, com uma mensagem escondida: “Nós vamos acabar com vocês”.

Dias depois, o Poke chegou à App Store e parecia que a profecia de Zuckerberg se concretizaria – o app ficou alguns dias na liderança entre os mais baixados da loja de apps da Apple. Mas foi temporário, quase tão efêmero quanto as mensagens trocadas nos apps. O Poke foi lançado no dia 21 de dezembro de 2012. No dia 25 de dezembro, não aparecia nem no top 30. E sabe quem estava no top 30? O Snapchat, impulsionado pela publicidade gratuita conseguida devido à comparação com o Poke. E se o Poke era apenas um clone do Snapchat, ficou bem claro que o público se interessava mais pelo original.

Durante 2013, o Facebook passou a se incomodar com diversas coisas, e a situação do Snapchat estava indiretamente relacionada. Os jovens deixavam a rede social. A média de idade dos usuários do Facebook é próxima a 40 anos. Jovens não gostam de dividir espaço com velhos – ou, pior ainda, com pais, tios, avós, ou o que for. O Snapchat, por outro lado, é jovem, dura pouco tempo. A média de idade dos usuários é de 18 anos.

O Facebook quer recuperar o público jovem, e aí veio a tal da proposta de US$ 3 bilhões. Na época em que a história foi revelada, muito especulou-se sobre quais seriam os motivos de Spiege e Murphy para recusarem a investida de Zuckerberg. À Forbes, Spiegel explicou. Em partes, é por causa de uma guerra silenciosa entre as duas empresas.

Spiegel e Murphy compraram o livro A Arte da Guerra, de Sun Tzu, logo após o primeiro encontro com Zuckerberg. E em certo momento o livro diz que uma das formas de vencer a guerra é atacar o inimigo onde ele demonstra fraqueza. “Spiegel e Murphy sentiram uma abertura e insistiram que, em vez de vender, eles visavam derrubar a hierarquia das mídias sociais”. Portanto, um dos objetivos do Snapchat desde então é realmente derrubar o Facebook – ou, ao menos, conquistar ainda mais o seu público. E se unir ao inimigo, neste momento, não parece uma boa saída.

Mas não é só isso. Os criadores do Snapchat acreditam em um futuro brilhante para a sua criação. “Poucas pessoas no mundo conseguem montar um negócio desses”, disse Spiegel, que em dezembro viu sua criação ser avaliada em pouco menos de US$ 2 bilhões (bem menos do que o oferecido por Zuckerberg). “Acho que trocar isso por um ganho em curto prazo não é muito interessante”.

Portanto, um jovem de 23 anos acha que ganhar uma bolada de US$ 750 milhões – estimativa de quanto os criadores do Snapchat levariam caso aceitassem a proposta do Facebook – é um “ganho em curto prazo”, o que não é interessante para ele. Aparentemente ele acredita que o Snapchat pode ser muito maior do que é atualmente.

Agora Spiegel e Murphy têm um grande desafio para frente: eles precisam arranjar alguma forma de ganhar dinheiro com o Snapchat. Pelo jeito, eles ainda não pensaram em um modelo de negócios e o app continua sem ser rentável. Caso não consigam, serão lembrados no futuro como aqueles rapazes que recusaram US$ 3 bilhões achando que ganhariam mais, mas acabaram de mãos vazias. [Forbes via Exame]

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