Sol de inverno também queima? Entenda como é a incidência solar no frio

Não é novidade para ninguém que os dias são mais curtos no inverno. Mas como o Sol age no tempo frio? Entenda nesta reportagem do Giz Brasil
Clima em agosto: mês terá menos chuva e temperaturas acima da média
Imagem: Wikimedia Commons/Reprodução

Com a chegada do inverno, os dias são mais curtos e as noites mais longas. No verão, acontece o oposto: temos noites mais curtas e dias mais compridos, ou seja, maior tempo de incidência solar.

Contudo, muitas pessoas não sabem bem como o Sol age no inverno, exatamente. Ele fica mais ou menos forte? Ou os raios solares agem da mesma forma durante o ano inteiro?

As respostas não são tão simples quanto parecem.

Por isso, o Giz Brasil ouviu especialistas para sanar essas dúvidas e explicar de forma acessível o tema. Conversamos com Roberto Zilles, que é professor do Instituto de Energia e Ambiente da USP (Universidade de São Paulo); e com Josina Nascimento, astrônoma e chefe da Divisão de Comunicação e Popularização da Ciência do ON (Observatório Nacional).

Vamos lá:

De uma forma sintética, a incidência solar no planeta vai mudando ao longo do ano. Esse processo tem a ver com o eixo de inclinação da Terra em relação ao Sol. O movimento do nosso planeta em torno do astro rei dura um ano – fenômeno conhecido como translação. É essa inclinação e o movimento que provoca as estações do ano e suas particularidades.

planeta terra [na imagem] tem eixo inclinado; por isso acontece o solstício de inverno. entenda.

O chamado solstício de inverno marca o começo dessa estação. Ele acontece quando um dos polos da Terra (no caso, o Sul) atinge sua inclinação máxima em relação ao Sol, ficando o mais distante possível dele. Logicamente, no Hemisfério Norte está acontecendo o fenômeno oposto: o polo Norte está apontado para o Sol, e lá é solstício de verão. Veja abaixo algumas perguntas comuns sobre o tema e tire as dúvidas.

Como a incidência do Sol muda no inverno?

“A insolação de um determinado lugar depende do ângulo com que os raios solares chegam e da altura em que o Sol está ao longo do dia em relação ao horizonte. No inverno, ele faz uma trajetória diferente das demais estações, mais baixa. O Sol não corta o céu no inverno”, afirma a astrônoma Josina Nascimento, do Observatório Nacional.

Ela explicou ao Giz Brasil que o ângulo de elevação do Sol acima do horizonte para uma determinada hora do dia varia no decorrer do ano. Isso demonstra por que não temos um “Sol a pino” no inverno, por exemplo. Na estação, os raios solares batem naquela parte da superfície terrestre de forma mais inclinada, ou seja, com menor intensidade.

À medida que a Terra orbita o Sol, seu eixo inclinado sempre aponta na mesma direção. Assim, ao longo do ano, diferentes partes da Terra recebem os raios diretos do astro rei, de forma mais intensa – período que caracteriza o verão.

Contudo, Josina ressalta que esses efeitos não são sentidos apenas quando muda a estação. “As estações do ano são convenções. Essa mudança vai acontecendo ao longo do ano. Os raios solares vão ficando cada vez mais inclinados conforme nos aproximamos do solstício de inverno. Aos poucos, o Sol vai se pondo cada dia mais cedo. Depois, com a proximidade da primavera, isso vai mudando novamente”, ressalta.

Imagem: YouTube/Reprodução

E a energia solar, como funciona?

Os painéis solares são compostos por células fotovoltaicas, que são estruturas geralmente feitas de silício, responsáveis por converter a energia da luz solar em energia elétrica. Esses materiais têm elétrons que se energizam quando partículas de luz – chamadas fótons – os atingem. Essa energia, por sua vez, se converte em corrente elétrica utilizável dentro da célula.

Como os dias são mais curtos no inverno, há menos energia solar disponível, conforme disse ao Giz Brasil o pesquisador Roberto Zilles, da USP. Apesar disso, os painéis de energia solar funcionam o ano inteiro, em todas as estações, faça chuva ou faça sol.

“Com menor intensidade da radiação solar, temos menos energia disponível para ser transformada em eletricidade”, afirma Zilles. Segundo o professor, os painéis solares são posicionados com uma inclinação diferente conforme a estação, para garantir maior absorção de luz solar.

Por outro lado, ele destaca que as temperaturas baixas garantem que os módulos fotovoltaicos funcionem com mais eficiência do que em dias quentes.

Os raios solares ficam mais fracos no inverno?

Como explicado, os raios solares chegam com maior inclinação e agem de forma menos intensa no inverno do hemisfério Sul. A latitude também influencia esse processo. Como a Terra é redonda, os raios incidem na superfície de forma desigual, mesmo quando olhamos somente para o Brasil, por exemplo.

Quanto mais próximo da linha do Equador, mais elevada é a temperatura. Essa zona é chamada de tropical justamente porque ela recebe os raios do Sol formando um ângulo de 90° na superfície terrestre. Em áreas em que o astro rei incide de maneira menos perpendicular, há menor incidência solar e temperaturas mais baixas.

“O Brasil é um país muito grande. Desde a ponta do Nordeste até o Amazonas temos climas e situações diferentes. Há também uma diferença gritante entre as regiões Sul e Norte. No Rio Grande do Sul, por exemplo, os raios solares incidem com menos intensidade, por ser mais longe da região equatorial”, explica Josina.

Luz nas faixas violeta e azul pode causar na pele efeitos similares aos da radiação UV

Imagem: Freepik/Reprodução

É possível pegar Sol no frio sem se queimar?

Os raios solares continuam queimando a pele no inverno. Naturalmente, é importante seguir tomando Sol alguns minutos por dia na estação, para estimular a produção de vitamina D no corpo. No entanto, os mesmos cuidados preventivos que temos no verão se fazem necessários também no frio. A radiação ultravioleta que incide na Terra se divide em UVA e UVB, e isso não muda no inverno.

“As pessoas têm a impressão de que o Sol só queima quando está calor, quando a radiação fica mais perceptível. Mas no inverno os raios solares continuam agindo da mesma forma, mesmo em dias mais frios ou nublados”, destaca a porta-voz do Observatório Nacional. Josina menciona também o El Niño, que pode trazer dias mais ensolarados no inverno e menos períodos de céu nublado, a depender da região.

Resumidamente, é fundamental seguir tomando os cuidados básicos com a pele no inverno: passar protetor solar e evitar exposição direta ao Sol entre as 10 e 16 horas. A exposição prolongada aos raios solares sem proteção pode trazer risco de desenvolvimento de câncer de pele, bem como o envelhecimento, o aparecimento de manchas escuras e manchas claras na pele.

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