Stonehenge: tudo sobre a construção do enigmático círculo de pedras
Stonehenge é um dos monumentos mais facinantes e intrigantes da história da humanidade. A construção de aproximadamente 5 mil anos até hoje é estudada por pesquisadores, que continuam com novas descobertas e aos poucos vão desvendam os mistérios sobre o local. A reportagem do Giz Brasil esteve na Inglaterra e mostra tudo o que se sabe dessa estrutura.
Até hoje a verdadeira finalidade da formação circular de pedras segue incerta. Mas especialistas acreditam que, ao longo do período em que foi construído, ele pode ter sido um local para celebrações religiosas, um cemitério ou para auxiliar na observação dos astros.
A escassez de informações sobre o local no condado de Wiltshire, na Planície de Salisbury, fomenta uma série de teorias conspiratórias há anos. Elas atribuem sua construção a povos celtas, ao mago Merlin — sim, o mesmo das histórias do Rei Arthur — e, principalmente, a espécies alienígenas mais tecnologicamente avançadas.
As capacidades de civilizações mais antigas são muito subestimadas. Claramente, não tinham uma tecnologia semelhante às dos dias atuais. Mas desenvolveram métodos “sofisticados”, que foram ficando cada vez mais refinados com o passar das gerações, para sobreviver e resolver problemas.
A civilização egípcia, por exemplo, é frequentemente ligada aos extraterrestres em razão da complexidade e grandiosidade de suas construções. No entanto, é preciso considerar que o que se conhece como Egito antigo passou por aproximadamente 3 mil anos de avanços tecnológicos antes de ser anexado ao império romano.
Este período foi suficiente para a lapidação de técnicas de construção. E também desenvolvimento de tecnologias que tornaram o Egito em uma das maiores e mais importantes civilizações da história, com estruturas complexas que perduram até hoje.
Stonehenge tem aproximadamente 5 mil anos de idade
O círculo de Stonehenge, pro sua vez, é datado do período neolítico, conhecido também como período da pedra polida, marcado pela sedentarização dos povos, desenvolvimento da agricultura e que antecedeu a idade dos metais.
O círculo localizado no sudoeste da Inglaterra conta com pedras de até 5 metros de altura e que chegam a pesar até 60 toneladas. A construção, segundo especialistas, levou entre 1.500 e 2.000 anos e, embora muitos desavisados enxerguem a formação como uma enorme pilha de pedras, já foi um círculo completo e bem acabado.
Fora do círculo central, há cerca de 60 metros de distância, está posicionada a chamada “Heel Stone”. Com 4,7 m de altura, marca o posicionamento exato do nascer do Sol no solstício de verão, o primeiro dia da estação. E também o com maior período de luz solar no ano.
Esta é uma das razões pelas quais muitos especialistas acreditam que a construção foi concebida para realizar observações astronômicas e registrar as estações do ano.
Saber exatamente o período exato em que as estações do ano começam e terminam, era fundamental para civilizações antigas decidirem pelo plantio ou racionamento de alimentos, por exemplo. Em outras palavras, saber exatamente quais seriam as condições climáticas dos próximos meses era essencial para sua sobrevivência
Transporte e construção da formação de pedras seguem um mistério até hoje
Algumas das pedras utilizadas na construção são originalmente encontradas no País de Gales. Recentemente, descobriu-se que a “Pedra do Altar”, localizada no centro da estrutura, pode ter sido trazida da Escócia.. Embora não haja um consenso, a hipótese mais provável e mais aceita pela comunidade científica, é de que o transporte tenha sido realizado por vias fluviais.
Isso significa que as sociedades que construíram o monumento contaram com o auxílio dos rios da região para realizar o transporte, embora boa parte do percurso tenha sido por terra, o que exigiu outro tipo de técnica de transporte e bastante esforço físico, mas os métodos utilizados ainda seguem desconhecidos.
O processo de construção também foi bastante complexo. Para formar o círculo, foram posicionadas colunas de pedra, que, posteriormente, receberam outras pedras na parte superior. Mas como as pedras tão pesadas foram posicionadas no topo da construção?
Uma variedade de técnicas pode ter sido utilizada durante o processo, sendo uma delas a construção de rampas para arrastá-las até a altura necessária. Além disso, outro método discutido pelos cientistas consiste em erguer um dos lados da pedra e adicionar um suporte na parte inferior. E, posteriormente, repetir processo do outro lado. Isso teria de ser feito várias vezes, com os suportes sendo sobrepostos até a pedra atingir a altura necessária.
Ao chegar ao topo, as pedras seriam fixadas com encaixes bastante semelhantes a peças de Lego cuidadosamente talhados nas pedras com ferramentas feitas de… pedra.
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Stonehenge não é a única construção circular de pedras
Existem centenas de locais semelhantes a Stonehenge no mundo, com a maior parte localizada na Europa. As ilhas que formam a Grã-Bretanha conta com regiões que abrigaram algumas dessas estruturas. Muitas delas maiores que Stonehenge, mas que se perderam no tempo em razão da ação humana.
A maior parte dessas construções, pelo menos as localizadas no continente europeu, foram demolidas conforme a Igreja Católica vinha ganhando força no continente. As autoridades religiosas que se estabeleceram no continentem ordenaram sua destruição por considerá-las obras pagãs.
Além da Europa, outras formações já foram encontradas em outros continentes como a América do Sul. Um dos mais conhecidos é o Parque Arqueológico do Solstício, localizado no município Calçoene, a 374 km de Macapá, zona litorânea do Amapá. E conhecido popularmente como “Stonehenge amazônica”. Mas em uma dimensão menor.
Embora não seja tão antiga, a versão brasileira, aparentemente tem o mesmo propósito astronômico da construção Stonehenge. A teoria mais aceita sobre o lugar é de que ele pode ter sido construído pelos povos indígenas que viveram na região centenas de anos atrás.
**O repórter Vinicius Marques viajou à Inglaterra a convite da organização do evento “Opera Browser Days”.