Suíça, o rival invicto do Brasil em Copas do Mundo

Ah… o país dos queijos, dos relógios, dos bancos de contas secretas, da seleção que nunca chega longe nas Copas… Não conte vantagem: a Suíça nunca perdeu do Brasil em Mundiais
Imagem: Reprodução/Fifa

Suíça. Aquele país para o qual políticos brasileiros levam seus muitos dinheirinhos seja lá de que origem (não estamos acusando ninguém) e depositam em contas secretas. Terra dos canivetes, dos relógios, dos queijos com buracos, do fondue, dos chocolates, dos Alpes nevados para esquiar… Chega de clichês. E o futebol suíço? Afinal, a seleção de lá enfrenta o Brasil nesta segunda-feira (28/11) às 13h na Copa do Mundo do Catar.

Bem, a seleção da Suíça – que ninguém leva muito a sério porque nunca foi longe em Copas – nunca perdeu para o Brasil nos Mundiais.

É isso. Em 1950, num jogo no Pacaembu pela 2ª rodada do Grupo 1, o Brasil achava que a Suíça era tão baba que o técnico Flávio Costa escalou uma linha média de jogadores do futebol paulista (Bauer, Ruy e Noronha, os três do São Paulo) para agradar a torcida paulistana.

Um Brasil de salto alto se prepara para enfrentar a pouco tradicional Suíça

Só que Costa botou na ponta-direita o vascaíno Alfredo II, lateral de origem que ocupava a vaga que os paulistas julgavam ser de Cláudio, ponta do Corinthians que até hoje é o maior artilheiro do clube. Vaias garantidas numa época de forte bairrismo Rio-SP.

A primeira grande amostra do lendário “ferrolho suíço”

No fim, Bauer acabou tomando o lugar do vascaíno Ely na linha com o também vascaíno Danilo e o flamenguista Bigode.

No jogo do Pacaembu, o Brasil se entortou com a super-retranca suíça, o famoso “ferrolho suíço” com cinco zagueiros recuadíssimos.

O “ferrolho suíço” foi uma radicalização do “catenaccio” (cadeado) italiano desenvolvido pelo técnico Karl Rappan para compensar a desvantagem suíça em relação a times mais ofensivos. Rappen comandou a Suíça nas Copas de 1938, 1954 (em casa) e 1962, mas curiosamente não em 1950.

O suíço Antenen e o italiano Buffon (não aquele, outro)

O técnico da Suíça em 1950 foi Franco Andreoli, recém-aposentado como jogador da seleção nacional. Na estreia, tomou 3 a 0 da Iugoslávia. Mas armou um time mais esperto para enfrentar o Brasil em São Paulo.

No Pacaembu, o polêmico Alfredo II furou o bloqueio suíço logo aos 3 minutos. Mas Fatton empatou aos 17 do 1º tempo. Ainda na etapa inicial, o centroavante Baltazar, do Corinthians, fez o segundo aos 32 do 1. E quando tudo parecia definido a favor do Brasil, o tal Fatton empatou de novo aos 43 do 2º tempo.

Em Copas, o duelo Brasil x Suíça só se repetiria em 2018 na Copa na Rússia, logo no jogo de estreia de ambos.

Philippe Coutinho abriu o placar aos 20 do 1º tempo. Mas Steven Zuber empatou aos 5 do 2º tempo, num lance em que ele teria feito carga sobre as costas do zagueiro Thiago Silva para cabecear um cruzamento. O juiz nada marcou e o gol valeu. Placar final: 1 a 1. Dois jogos em Copas, dois empates.

Muitos brasileiros na foto, só um suíço. Gol deles

E a história da Suíça sem o Brasil como adversário num Mundial? Bom, não é muito significativa, apesar da presença em alguns resultados fundamentais.

Em sua estreia em 1934, a Suíça venceu a Holanda por 3 a 2 nas oitavas de final. Mas perdeu pelos mesmos 3 a 2 para a Tchecoslováquia nas quartas.

O astro suíço era Leopold Kielholz, que jogava as partidas com óculos comuns.

O estiloso craque suíço Leopold Kielholz

Em 1938, a Suíça realizou uma grande ação pela humanidade. Na primeira fase de mata-mata, as oitavas de final, empatou em 1 a 1 contra a Alemanha nazista, que agregou na marra os melhores craques da Áustria, anexada militarmente meses antes. Como na época não havia decisão por pênaltis, os países disputaram um jogo-desempate. E a Suíça deu cabo do time nazista (mesmo que alguns jogadores não fossem) por 4 a 2.

 

Suíça contra um mistão nazista de Alemanha e Áustria em 1938

Em 1954, a Suíça foi sede da Copa. Na primeira fase de grupos, eliminou a Itália num jogo desempate. E, nas quartas de final, fez o jogo com maior número de gols na história das Copas. Só que perdeu de 7 a 5 da Áustria.

7 a 5. Sim, esse foi um placar de jogo de Copa

Em 1962 e 1966, duas eliminações na 1ª fase. E os suíços só voltariam ao Mundial em 1994 nos Estados Unidos. Passaram para as oitavas, quando foram atropelados pela Espanha por 3 a 0.

Time suíço que chegou às oitavas de final na Copa de 1994

Mais uma ausência de oito anos até a Suíça retornar em 2006 na Alemanha. Após ficar em 1º lugar no grupo que tinha a França, sem tomar gols, a seleção foi para as oitavas de final contra a estreante Ucrânia.

Defesa sólida fez seleção suíça não ser vazada na fase de grupos da Copa de 2006

O jornal inglês The Guardian nomeou esse Ucrânia 0-0 Suíça como o pior jogo da história das Copas. Na decisão por pênaltis, os suíços perderam todas as suas três cobranças.

Os ucranianos acertaram três de suas quatro cobranças realizadas. E a Suíça conseguiu ser o único país eliminado numa Copa sem tomar gols com bola rolando.

Em 2010, a Suíça estreou cometendo a façanha de derrotar a já badalada Espanha por 1 a 0. Sim, sabemos que os espanhóis acabaram campeões naquela Copa. E que os suíços conseguiram ser eliminados naquela mesma primeira fase, perdendo vaga para o Chile.

No Brasil em 2014, a Suíça passou em 2º no grupo que tinha a França e, nas oitavas, perdeu apenas na prorrogação por 1 a 0 para a Argentina, com um gol de Di Maria aos 13 do 2º tempo da prorrogação.

Em 2018, depois do tal empate na estreia contra o Brasil, a Suíça passou em 2º lugar no grupo, só para ser eliminada nas oitavas pela Suécia por 1 a 0.

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Marcelo Orozco

Marcelo Orozco

Jornalista que adora música, cultura pop, livros e futebol. Passou por Notícias Populares, TV Globo, Conrad Editora, UOL e revista VIP. Colaborou com outros veículos impressos e da web. Publicou o livro "Kurt Cobain: Fragmentos de uma Autobiografia" (Conrad, 2002).

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