Está feito. A espanhola Telefônica anunciou hoje que fechou acordo com a francesa Vivendi para adquirir a GVT no valor de € 7,2 bilhões (cerca de R$ 21,9 bilhões). Agora resta às autoridades regulatórias aprovar a transação, o que não deve ser um problema: espera-se que ela seja concluída na metade de 2015.
O acordo envolve o equivalente a R$ 14 bilhões em dinheiro, mais ações da Telefônica Brasil e também da Telecom Italia. O Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) decidiu este ano que a Telefônica – dona da Vivo – deveria vender sua participação na Telecom Itália – dona da TIM – e foi isso o que aconteceu.
A Telefônica planeja integrar a GVT à Vivo, criando o maior grupo de telecomunicações do país. Isso inclui os serviços de telefonia, internet e TV por assinatura. Mas como será essa integração? Amos Genish, fundador da GVT, explica à Exame:
A GVT e a Telefônica têm culturas muito diferentes. Desde as primeiras conversas, eu disse várias vezes que seria uma burrice comprar a GVT e destruir essa cultura única, baseada em desempenho. Eles querem preservar isso, já disseram que pretendem manter a companhia independente por um período ainda não definido.
Eu espero, e acredito, que a Telefônica manterá essa intenção depois de concluído o negócio. Mas, claro, ela tem de capturar sinergias. No nosso caso não será cortando gente e integrando, mas haverá sinergias em investimentos, na capacidade de vender vários produtos ao mesmo tempo.
Há quase cinco anos, a Telefônica se esforçou para comprar a GVT, mas ela acabou indo para as mãos da Vivendi. Só que desde então, a Vivendi mudou de estratégia se concentrar mais em mídia e conteúdo. (Ela era dona até da criadora de World of Warcraft, mas vendeu a empresa no ano passado.)
A empresa tentou vender a GVT no final de 2012, mas as negociações não foram adiante, pois o valor estava abaixo do que ela queria.
Este ano, a iniciativa partiu de fora: a Telefônica fez uma oferta de R$ 20 bilhões em agosto, e a Telecom Italia propôs comprar a GVT por R$ 21 bilhões. A Telefônica, então, fez uma oferta maior – e levou a operadora.
Genish diz à Exame que aceitou a oferta porque “o ciclo da GVT independente no Brasil terminou”. A operadora precisaria entrar de cabeça na rede celular, mas dado que a Vivendi não tem mais interesse em telefonia, isso seria difícil.
Nosso receio é que a qualidade do serviço da GVT diminua – ou que os preços aumentem – após a aquisição. Mas infelizmente, a tendência é de consolidação, de haver menos operadoras no Brasil, o que pode afetar a concorrência. Aguardamos as cenas dos próximos capítulos. [Reuters, EFE, Exame]