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O maior telescópio do mundo enfrenta um grande problema para ser construído

Há anos se fala do Telescópio de Trinta Metros (TTM) – um megatelescópio com resolução dez vezes maior do que o Hubble – e até agora ele não saiu do papel.

Há anos se fala do Telescópio de Trinta Metros (TTM) – um megatelescópio com resolução dez vezes maior do que o Hubble – e até agora ele não saiu do papel. Existe uma batalha judicial a respeito do local da construção do equipamento e aparentemente um caminho alternativo começou a surgir para solucionar esse entrave.

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O maior telescópio do mundo talvez não seja construído em Mauna Kea, no Havaí, mas em vez disso pode ser que se estabeleça nas Ilhas Canárias, na Espanha. Seria uma grande perda para a astronomia, mas uma grande vitória para a preservação da cultura havaiana, já que muitas pessoas não querem que a montanha sagrada seja ocupada novamente. Além disso, há problemas com a preservação ambiental da ilha.

O Telescópio de Trinta Metros foi orçado em US$ 1,4 bilhão e será projetado para pesquisar regiões do espaço que até agora não puderem ser observadas. Ele é o maior de uma série de telescópios terrestres extremamente grandes (ELTs, na sigla em inglês) que junto com o Telescópio Espacial James Webb, devem liderar as pesquisas astronômicas nos anos 2020.

O telescópio, que irá realizar observações por meio da astronomia óptica e infravermelha e abordar questões a respeito da origem do universo e habitabilidade de exoplanetas, é o único ELT previsto para ser construído no hemisfério norte. O que o torna uma ferramenta indispensável para obter imagens de alta resolução de algumas porções do céu.

Mas o conhecimento a ser ganho a partir do TTM tem um preço alto. A intenção era construí-lo no topo do vulcão inativo de Mauna Kea, mas a região é considerada sagrada pelos nativos. Para a população, uma grande estrutura como essa seria profana. E depois de verem 13 outros observatórios serem construídos em Mauna Kea desde os anos 1970, os havaianos que querem preservar suas práticas culturais tradicionais finalmente estão se certificando que estão sendo ouvidos.

Protestos e disputas legais vem sendo realizadas há anos por causa do telescópio. As coisas tiveram uma primeira definição em dezembro de 2015, quando a Suprema Corte do Havaí anulou as permissões de construção do TTM com base em um processo judicial. O conselho de diretores do TTM passou os últimos dez meses tentando descobrir para onde iriam levá-lo.

Agora, o conselho chegou a uma decisão que garante que o telescópio irá sobreviver de alguma maneira, mas reconhece que os desafios são grandes. Se o o TTM não puder ser construído no topo de Mauna Kea – é um grande “se”, já que corre na justiça um novo pedido de permissão para a construção – o projeto será levado para a ilha de La Palma.

Localizada nas Ilhas Canárias da Espanha, La Palma já possui o observatório Roque de los Muchachos, um dos principais observatórios ópticos do mundo. Depois de Mauna Kea, a ilha é considerada o melhor local para astronomia óptica e infravermelha no hemisfério norte. “Poderíamos realmente avançar rapidamente se as coisas não funcionarem [no Mauna Kea]”, disse a astrofísica da Caltech e conselheira do TTM Fiona Harrison ao Nature News.

Mas La Palma tem suas desvantagens: os astrônomos estariam sacrificando 2 mil metros de elevação, o que significa que haverá mais interferência da atmosfera da Terra. Isso pode diminuir a resolução do telescópio, particularmente nos comprimentos de onda do infravermelho médio, necessários para observar os centros galácticos.

Por outro lado, levar o TMT para outro lugar honraria os desejos dos nativos havaianos, que sentem que a oposição à astronomia foi marginalizada por décadas.

[Nature News]

Imagem do topo: Renderização artística do Telescópio de Trinta Metros. TMT.org.

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