Teletransporte é aprimorado e cientistas já falam em “internet quântica”
Pesquisadores da Universidade Técnica de Delft, na Holanda, deram um passo importante na técnica de teletransporte de dados. O estudo é considerado um passo importante para o desenvolvimento de uma internet quântica segura no futuro.
Utilizando um dos poderes misteriosos da mecânica quântica – chamado de “entrelaçamento quântico” – cientistas vêm estudando há cerca de uma década o conceito de teletransporte. Em vez de pessoas ou objetos – como vemos em “Star Trek”, por exemplo – a técnica envolve teletransportar informação. Mais precisamente, o estado de spin de um elétron — a orientação que um elétron vai tomar quando estiver em um campo magnético. Essa informação pode ser transportada de um lugar para outro, mas sem mover a matéria física a qual a informação está ligada — no caso, o elétron.
Em 2014, pesquisadores da mesma universidade holandesa anunciaram que conseguiram teletransportar informações de forma confiável entre dois bits quânticos separados por três metros. O novo estudo procurou melhorar essa técnica, demonstrando ser possível criar uma potencial rede quântica complexa.
Teletransporte da informação
Segundo a New Scientist, os cientistas construíram uma rede simples contendo vários qubits (ou bits quânticos) baseados em diamantes e organizados em três nós, apelidados de Alice, Bob e Charlie. Nessa rede quântica, não havia uma conexão direta entre Alice e Charlie, apenas um link indireto que cada um compartilhava com Bob.
Durante o experimento, quando o estado quântico de Charlie foi alterado, o estado de Alice também mudou, o que significa que a informação “teleportou” através de Bob, sem passar por ele. A informação desaparece de um lado e aparece do outro lado, sem ter viajado no espaço intermediário, assim como acontece nos filmes de ficção científica.
“Esta conquista não é apenas uma vitória para a ciência fundamental, mas também representa um avanço na resolução de problemas do mundo real necessária para levar essa fascinante aplicação quântica para o próximo passo”, escrevem Oliver Slattery e Yong-Su Kim no artigo publicado na última semana na Revista Nature.
A vantagem de um sistema de comunicação quântica é que ele poderá oferecer funções verdadeiramente privadas, à prova de espionagem e sendo impossível descobrir a fonte de dados que estão processando.
A Delft University publicou um vídeo (em inglês) em que explica de forma didática como o teletransporte de dados poderá dar origem à essa “internet quântica”. É tão complexo quanto possa parecer, mas fica um pouco mais fácil de entender com um esquema visual.