A Terra tem muito mais rios e córregos do que pensávamos, segundo estudo com satélite

Rios e córregos cobrem muito mais do planeta do que os geólogos estimavam anteriormente, de acordo com um novo estudo publicado na Science. No total, essa nova estimativa mostra que, exceto por terras com geleiras, a Terra é coberta por pouco menos de 773 mil km² de rios e córregos. Isso são mais quilômetros quadrados do […]

Rios e córregos cobrem muito mais do planeta do que os geólogos estimavam anteriormente, de acordo com um novo estudo publicado na Science. No total, essa nova estimativa mostra que, exceto por terras com geleiras, a Terra é coberta por pouco menos de 773 mil km² de rios e córregos. Isso são mais quilômetros quadrados do que o estado do Texas, além de ser 44% maior do que contas anteriores.

• Satélite chinês captura bela vista da Terra a partir da órbita lunar
• Esta é a linha reta mais longa que pode ser percorrida pela água

A descoberta tem implicações para o estudo sobre a mudança climática, já que rios trocam gases de efeito estufa com a atmosfera, especialmente quando os humanos poluem suas águas.

“Era presumido até cerca de 2006 que os rios e lagos eram apenas um tubo que transportava carbono até o oceano”, disse John Downing, limnologista e biogeoquímico da Universidade de Minnesota Duluth, ao Gizmodo. “Mas os rios estão vazando gases para a atmosfera.”

À medida que poluentes como fertilizantes e esgoto se infiltram no abastecimento de água, gases como o metano, o dióxido de carbono e o óxido nitroso escoam para a atmosfera. Mais cobertura de rios pode significar que estamos enviando ainda mais gases de efeito estufa para o ar do que os cálculos atuais.

“Eis outra razão para não desperdiçar água”, disse Downing, que não esteve envolvido no novo estudo. “Se você a polui, você estraga a pesca e o nado, além da atmosfera.”

Para mapear os rios e córregos do planeta, os hidrólogos George Allen e Tamlin Pavelsky, da Universidade da Carolina do Norte, analisaram milhares de imagens de um satélite Landsat NASA. Usando um software desenvolvido por Pavelsky, a dupla obteve 58 milhões de medições de rios, usadas para calcular a cobertura total dos rios e córregos na Terra.

E eles não apenas confiaram cegamente em seu software. Para garantir que o programa fosse confiável, os pesquisadores empregaram o que Allen chamou de “um pequeno exército de estudantes” para monitorar de forma vigilante se o programa estava medindo rios, não estradas, e se estava evitando outros erros ao longo do caminho. “Eles estavam tão entusiasmados”, disse Pavelsky. “Eles fizeram um ótimo trabalho.”

Os pesquisadores estimaram as formas de rios medindo suas larguras, como mostrado aqui. Gráfico: George Allen, Tamlin Pavelsky (“Global extent of rivers and streams,” por G.H. Allen; T.M. Pavelsky da Universidade da Carolina do Norte, Chapel Hill em Chapel Hill, NC; G.H. Allen na Texas A&M University em College Station, TX)

Além de sua estimativa do tamanho do Texas, os pesquisadores também descobriram que os rios eram mais estreitos e mais escassos em áreas desenvolvidas pelo homem, o que os surpreendeu. O motivo por trás disso poderia ser o fato de que as pessoas estão pegando água para a agricultura, drenando pântanos e rios, mas mais pesquisas terão que ser feitas para dizer com certeza.

Outros cientistas fizeram estimativas da cobertura de rios e córregos na Terra no passado. Downing, por exemplo, usou a maneira distinta como os rios se ramificam e quanta água eles movem para estimar sua cobertura global. Outros usaram dados de elevação e escoamento de água para fazê-lo. Mas nenhum deles mostrou a morfologia do rio — a forma e a direção de um rio — como esta estimativa de satélite, segundo os pesquisadores.

“Se você olhar ao redor do mundo, os rios parecem diferentes de um lugar para outro”, disse Allen, que recentemente começou uma cátedra na Texas A & M University, em entrevista ao Gizmodo. “Eles podem ser trançados ou sinuosos. E, na maior parte, a tecnologia atual não leva em consideração a morfologia real dos rios. Esse conjunto de dados é o primeiro de seu tipo a fazer isso em escala global em alta resolução.”

Downing ficou impressionado com o número de pontos de dados que Allen e Pavelsky consideraram e achou seus resultados empolgantes — especialmente porque a estimativa da dupla estava com diferença de até 15% da sua.

“Acho que é absolutamente fantástico”, disse Downing. “Eles investiram muito e confirmaram os números que já havíamos criado a partir de princípios físicos básicos.”

Ter um mapa da morfologia dos rios da Terra pode se provar extremamente útil ao prever enchentes, acrescentou Downing, ou para estudar a maneira como os rios se comportam no futuro, à medida que a Terra se aquece. Além disso, agora que essa técnica de medição de rios tem alguns resultados confiáveis, ele disse que poderia ser útil ver como as taxas de vazão dos rios mudam de estação para estação — outro bom conjunto de dados de se ter quando se trabalha para manter as comunidades livres de inundações.

“Os rios são tão maravilhosos, mas eles também podem ser perigosos”, disse Downing. “A água vai aonde quer ir — portanto, é bom saber aonde ela vai e quanta área ela está cobrindo.”

[Science]

Imagem do topo: Getty

fique por dentro
das novidades giz Inscreva-se agora para receber em primeira mão todas as notícias sobre tecnologia, ciência e cultura, reviews e comparativos exclusivos de produtos, além de descontos imperdíveis em ofertas exclusivas