Teste de DNA de US$ 199 nos EUA agora poderá revelar probabilidade de câncer

A FDA, agência americana similar a Anvisa, aprovou a venda de um teste de DNA da 23andMe que revela mutações genéticas ligadas ao câncer de mama. É a primeira vez que uma empresa de testes de DNA para consumidores ganha a aprovação da agência para a detecção de risco de câncer. • Esta molécula pode […]

A FDA, agência americana similar a Anvisa, aprovou a venda de um teste de DNA da 23andMe que revela mutações genéticas ligadas ao câncer de mama. É a primeira vez que uma empresa de testes de DNA para consumidores ganha a aprovação da agência para a detecção de risco de câncer.

• Esta molécula pode proteger o sistema gastrointestinal de pessoas em tratamento contra o câncer
• Teste de ancestralidade ganha boa melhoria ao analisar dados de mais pessoas

O novo teste irá analisar o DNA e procurar por três mutações dos genes BRCA1 e BRCA2 que estão ligados ao câncer de mama. Embora existam mais de mil mutações BRCA conhecidas, o teste da 23andMe irá focar em três mutações mais comuns em pessoas de ascendência asquenazim (judeus provenientes da Europa Central e Europa Oriental). As variações são muito menos comuns em outras populações.

Shirley Wu, diretora de ciência de produto da 23andMe, disse ao Gizmodo que a empresa está focada nessas três mutações por causa do extenso corpo de literatura científica que dão suporte a sua ligação com o câncer, e espera oferecer no futuro testes para outras variações potencialmente prejudiciais.

“Esse teste oferece grande valor aos consumidores”, disse Wu. “A validade científica é evidente”.

Estudos sugerem que cerca de uma a cada 40 pessoas de descendência asquenazim possui uma uma dessas três variantes, disse Wu, e mulher com a presença da mutação possui de 45% e 85% de chances de desenvolver câncer de mama até os 70 anos de idade. Os genes também sugerem um risco maior de câncer do ovário nas mulheres e câncer de mama nos homens.

“Tradicionalmente, você só seria testado para BRCA se tiver um histórico de câncer na família”, disse Wu. “Estamos oferecendo um teste para pessoas em risco que poderiam ser esquecidas. Esse é um passo gigante para os consumidores, ao dar o acesso direto”.

Eric Topol, geneticista do Instituto Scripps, foi mais cauteloso quanto ao entusiasmo.

“Existem informações limitadas sobre as três mutações conhecidas por ser patogênicas para o BRCA”, disse ao Gizmodo.

Ele disse que testes mais compreensivos e ainda assim baratos, oferecidas por outras empresas, dão um panorama mais completo sobre os riscos. A diferença, no entanto, é que esses outros testes precisam ser solicitados por um médico, ao contrário do produto da 23andMe, que pode ser facilmente adquirido nos EUA.

“As pessoas testadas podem ter a falsa ilusão de que não são portadores, quando na verdade eles podem ter outras centenas de mutações funcionais conhecidas”, disse Topol. “A nova oferta por 23andMe é melhor do que nada, mas precisamos (e podemos) fazer muito melhor”.

A FDA, em seu anúncio oficial, notou que a maioria dos casos de câncer não são causados por mutações de genes hereditários. E um estudo do Instituo Nacional do Câncer dos EUA, embora seja de 1997, encontrou menos prevalência da mutação entre as mulheres de descendência asquenazim, detectando-a em apenas 2% deles.

Ainda assim, por US$ 199 (cerca de R$ 640, em conversão direta), o teste oferece uma alternativa mais barata a um teste pedido por um médico, que pode custar milhares de dólares. E, como Wu apontou, os médicos geralmente não sugerem a realização de testes em pessoas que não possuem um histórico familiar que indica a presença de uma mutação prejudicial, apesar de muitas mulheres desenvolveram câncer despeito da falta de histórico ou não saberem a respeito de casos na família.

Originalmente, a 23andMe oferecia avaliações para mais de 250 doenças e condições, mas em 2013 a FDA derrubou o teste e ordenou que a companhia parasse de oferecer análises de fatores de risco para doenças até que a precisão dos testes fossem validadas.

Em abril do ano passado, a FDA deu sinal verde para a companhia vender testes para 10 doenças ou condições. A companhia atualmente oferece testes que avaliam o risco de desenvolvimento para Alzheimer, Parkinson, doença celíaca, entre outros. O novo teste é o primeiro a avaliar o risco de câncer. A companhia afirma que os clientes atuais terão acesso aos resultados dos testes para o risco de câncer nas próximas semanas.

No ano passado, a FDA também anunciou que abriria o caminho para os testes de DNA para consumidores, mesmo sem a análise prévia. Porém, testes que avaliavam o risco de câncer não foram inclusos na exceção. Em sua análise, a FDA examinou os dados da 23andMe para assegurar que os testes eram precisos e poderiam oferecer resultados reproduzíveis. Eles se asseguraram também se os dados apresentados poderiam ser compreendidos com facilidade pelos consumidores.

Este teste é provavelmente apenas o primeiro de muitos testes de risco de câncer que a 23andMe lançará. No entanto, é importante notar que a identificação do risco de câncer pouco revela e tem o potencial causar muitas neuras para quem é diagnosticado.

Como aponta no artigo de Siddhartha Mukherjee, publicada na revista Piauí, programas de detecção precoce de câncer não conseguiram impacto equivalentes nas taxas de mortalidade. Em um caso emblemático na Coreia do Sul, foi adotada uma iniciativa de prevenção do câncer de tireoide – a incidência de câncer de tireoide disparou, mas a proporção de mortes causadas pela enfermidade não mudou. Basicamente, muitas pessoas passaram por um diagnóstico excessivo: muitas vezes, o câncer não chega a se manifestar, embora exista. Um caso similar aconteceu com o avanço dos programas de prevenção ao câncer de próstata, que às vezes podem causar sobretratamento.

Imagem do topo: Divulgação

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