As missões de The Division são horríveis, mas não consigo parar de jogar
por Bruno Izidro
Você está no trabalho, na faculdade ou em qualquer outro compromisso, mas só o que queria era voltar pra casa e continuar jogando aquele game que te viciou no momento. Todos já passamos por situações assim e nos últimos dias, pra mim, esse jogo foi The Division, que chegou recentemente pra PS4, Xbox One e PC. Mas tem algo curioso aí: eu não estava gostando tanto assim dele, só que não conseguia parar de jogar.
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Sim, eu sei, é meio confuso. Eu gosto de The Division porque ele consegue ser um ótimo shooter, com um elemento de RPG surpreendente e rico, o que me fazia sempre voltar para evoluir meu personagem, conseguir novas armas e equipamentos, e melhorar minha base. Porém, para isso, eu tinha que passar pela barreira de missões extremamente repetitivas e sem criatividade.
Entendendo o enredo de The Division
Para entender melhor The Division e suas fases chatas, é bom explicar sobre o que ele se trata. No game, cada jogador é um agente da Divisão, uma organização secreta e de elite que só é chamada quando a situação já está na merda. Nesse caso, a merda é que uma epidemia causada por um vírus conhecido apenas como “Veneno Verde” deixou Nova York em um estado pós-apocalíptico invernal e isolado. A maioria da população ou morreu, ou já debandou.
Nesse contexto e com um mapa aberto onde parte da ilha de Manhattan pode ser explorada, cabe aos agentes da Divisão duas tarefas: trazer ordem à cidade que foi tomada por gangues, e descobrir o que diabos é esse vírus. Aqui começa a aparecer o problema que acabou me criando um cansaço com The Division, que é a sua estrutura de controle de regiões e gangues como justificativa para poder ter algo no que atirar.
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Assim como na série Arkham do Batman, cada parte da cidade é controlada por diferentes tipos de inimigos. Há os Rikers, prisioneiros que aproveitaram a confusão e fugiram de uma prisão, e os Cremadores, que usam lança-chamas porque acreditam que só tacando fogo em tudo a epidemia vai ser controlada. Só que essa estrutura acaba limitando o que o jogo pode trazer de desafios, fora ficar atirando em todo mundo.
Importante também para entender a estrutura de missões é a sua base de operações dentro da cidade, que é dividida em três alas: médica, tecnológica e segurança. Quanto mais você as melhora, mais opções de habilidades seu personagem ganha.
As três alas servem também para ditar alguns tipos de missões que estão espalhadas pelo mapa. Porém, mesmo que tenham objetivos diferentes como coletar vírus, dar assistência a tropas aliadas ou resgatar reféns, essas missões acabam tendo a mesma estrutura: ou são de proteger algo (ou alguém) enquanto surgem ondas de inimigos, ou envolvem ir de um ponto A até B tendo que enfrentar ondas de inimigos mais uma vez.
O grande problema com The Division é que esses tipos de missões se repetem por todo o jogo e, como cada região tem pelo menos quatro ou cinco delas, eu já estava com preguiça de continuar antes de explorar metade de Manhattan. Vez ou outra, por exemplo, até surgem missões secundárias com combate contra minichefes, mas adivinha? Todos eles possuem as mesmas estruturas, sempre: derrotar os dois capangas, pra então enfrentar o mandachuva.
O que poderia ser melhor
Tudo isso pode até parecer implicância minha. Afinal, ele é um jogo de tiro, certo? O ponto é que, em outros aspectos, The Division consegue mostrar uma diversificação e criatividade tão boas que faz pensar como ele poderia ser melhor. O que me fazia querer jogar The Division era principalmente a já citada progressão do personagem com fortes elementos de RPG.
Derrotar os inimigos, mesmo que cansasse depois de um tempo, valia a pena, porque eles poderiam deixar cair um equipamento ou arma valiosa para completar as missões específicas de cada ala. Além disso, esse processo possibilita melhorias e expansão das habilidades do personagem, seja uma torreta portátil (que dispara labaredas de fogo) ou uma mina guiada (que pode causar danos a determinadas áreas).
Alie isso aos componentes online muito bem implementados — onde é possível tanto sair por aí explorando Nova York sozinho, ou procurar outros jogadores para se juntar a você nas missões principais — fora a área de PvP “Zona Cega”, que tem toda uma justificativa no enredo para existir no meio do mapa, e temos um jogo que cumpriu muito do hype que estava sendo feito nele.
É por essas caraterísticas tão bem-feitas que não conseguia parar de jogar The Division, mesmo com um monte de missões repetitivas. Para quem não se importa com isso, talvez nem o trabalho, a faculdade ou qualquer outro compromisso sejam suficientes pra te tirar da frente do jogo.