Na noite do último sábado (3), três homens usaram uma van para atacar pedestres na London Bridge, sair do veículo com facas, esfaquear mais pessoas e depois foram baleados pela polícia. Em resposta, a primeira ministra do Reino Unido, Theresa May, pediu “acordos internacionais que regulem o ciberespaço para prevenir a disseminação do extremismo e do planejamento terrorista”.
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Até agora, sete pessoas morreram por causa do ataque e 48 ficaram feridas. O atentado segue um outro incidente que aconteceu em março, quando pedestres foram atingidos por um carro na Westminster Bridge, e um ataque em maio, quando a plateia de um show foi atacada por um homem-bomba. De acordo com a primeira ministra, os ataques terroristas não estão ligados a “redes comuns”, mas a proximidade entre essas tragédias certamente aumenta a urgência para que políticos demonstrem que algo está sendo feito para evitar mais um incidente.
“Todo mundo precisa seguir suas vidas como fariam normalmente”, disse Theresa May aos repórteres em um comunicado. “Nossa sociedade deve continuar a funcionar de acordo com nosso valores.” Mas a demonstração de May de que a sociedade não deve permitir que o terrorismo dite como vivemos parou aí. Ela então mudou o rumo das declarações: “Existe, para ser franca, muita tolerância ao extremismo no nosso país”. É algo estranho para se dizer. Existe mesmo uma “tolerância ao extremismo” no mundo ocidental, ou é mais um caso de não querer sacrificar liberdades de acordo com o desejo dos terroristas?
A afirmação era leve nos detalhes, mas o maior policiamento da internet era um ponto chave que May repetiu várias vezes. “Não podemos permitir que essa ideologia tenha o espaço seguro que necessita para se reproduzir”, disse. “Contudo, é exatamente isso o que a internet e as grandes empresas que fornecem serviços na internet oferecem.” Seu comentário mais específico e inquietante foi: “Precisamos trabalhar com governos democráticos aliados para estabelecer um acordo internacional que regule o ciberespaço para prevenir a disseminação do extremismo e do planejamento terrorista”.
Isso não significa necessariamente que a primeira ministra esteja convocando uma grande mudança na infraestrutura da internet. Um relatório do parlamento britânico do mês passado sugeriu grandes multas para redes sociais privadas que não consigam moderar conteúdos extremistas. Essa é, potencialmente, uma abordagem razoável para enfrentar o problema que May aponta. Mas qualquer ilusão de que a internet como um todo pode ser magicamente alterada para manter as pessoas más fora de comunicação é muito perigosa.
Não é a primeira vez que May aborda temas que abrangem a comunicação em nome do combate ao terrorismo. Ela foi apoiadora importante do Ato dos Poderes Investigativos, que deu ao governo britânico mais poderes de vigilância e acesso às atividades online dos cidadãos.
“Precisamos fazer tudo o que podemos para reduzir os riscos do extremismo online”, disse May. Mas pouco foi mencionado sobre como a sociedade deve combater as circunstâncias que levam ao terrorismo.
[CNN, Telegraph, The New York Times]
Imagem do topo: AP