As autoridades de Tóquio estão testando uma nova tecnologia que utiliza radares meteorológicos e ondas de rádio digital terrestres para “prever com precisão e rapidez chuvas torrenciais e tornados” com 20 a 30 minutos de antecedência.
A nova tecnologia está sendo desenvolvida pela “indústria, governo e corpos acadêmicos incluindo o Instituto Nacional de Tecnologias de Informações e Comunicações (NTIC)” baseada em Koganei, de acordo com uma reportagem do Mainichi. A expectativa é que a tecnologia esteja pronta antes das Olimpíadas e Paralimpíadas de Tóquio em 2020.
Os sistemas existentes de radares são limitados a prever as chamadas “tempestades de guerrilha“, batizadas dessa forma pelo fato de se formarem rapidamente a partir do arrefecimento do vapor d’água, atingindo com força as áreas sem mostrar muitos indícios.
No entanto, o novo sistema é muito mais poderoso e capaz de estimar o tamanho das gotas da chuva e as estruturas da nuvens:
Os desenvolvedores dizem que o novo “radar meteorológico de matriz multiparâmetros com fases múltiplas” (MP-PAWR, na sigla em inglês) que está sendo testado pode prever chuvas torrenciais e tornados com 20 a 30 minutos de antecedência. Isso porque ele tem uma antena horizontal que emite ondas de rádio em uma faixa mais ampla do que as antenas giratórias em formato de parabólica utilizadas nos radares tradicionais. É a combinação do radar multiparâmetro que permite a observação do tamanho das gotas de chuva, e o radar de fases múltiplas que oferece varreduras 3D das estruturas das nuvens em cerca de 30 segundos.
As fases múltiplas então são emparelhadas com ondas de rádio terrestres que podem ser utilizadas para medir variações nos níveis do vapor d’água a cada minuto, o que pode ajudar a definir com mais precisão o horário em que uma tempestade deve chegar ao mostrar para os meteorologistas quando o vapor deve subir o suficiente para esfriar e condensar.
Como o Guardian escreveu em 2015, prever chuvas repentinas e torrenciais é uma prioridade para as autoridades japonesas, já que cerca de 30% de Tóquio fica abaixo do nível do mar e as preparações para inundações catastróficas são amplamente conhecidas por serem inadequadas.
Em 2018, a Reuters informou que a Sociedade Japonesa de Engenheiros Civis havia estimado que uma enchente maciça no leste de Tóquio “mataria mais de 2.000 pessoas e causaria prejuízos de 62 trilhões de ienes (422,7 bilhões de libras)”. Na época, as autoridades reconheceram que o ritmo das construções preventivas ainda estava muito lento.
Cientistas acreditam que o aumento no número das chamadas “tempestades de guerrilha” no Japão nos últimos anos está ligado à mudança climática, conforme observa a Reuters:
Chuvas intensas estão em alta em todo o Japão. Precipitações de 80 milímetros em uma hora aconteceram, em média, 18 vezes por ano entre 2008 e 2017. Entre 1976-85, chuvas como essas aconteceram 11 vezes.
[…] “As temperaturas mais altas dos oceanos fazem com que mais umidade seja sugada para o ar”, disse o [professor de engenharia Toshitaka Katada] da Universidade de Tóquio. “Isso significa uma grande quantidade de chuva acontecendo ao mesmo tempo, e é mais provável que os tufões sejam mais fortes”.
De acordo com o Mainichi, os testes preliminares do sistema estão em andamento desde 2018. Segundo um funcionário da NTIC, a ideia é colocá-lo “em uso prático o mais rápido possível”.