Tudo o que já sabemos (e o que ainda queremos saber) sobre o Nintendo Switch

O Nintendo Switch foi anunciado mas segue sendo misterioso. Juntamos as informações já divulgadas sobre ele para tentar entender mais ou menos o que esperar do novo console da Nintendo.

por Daniel Junqueira

Depois de meses de mistério, a Nintendo anunciou ontem o seu novo console. Chamado Switch, ele é um híbrido de portátil e console de mesa: você pode tanto jogá-lo ligado à TV quanto sair por aí carregando um tablet para continuar jogando.

Este é o novo híbrido de console e portátil Nintendo Switch

Mas a Nintendo fez questão de não explicar tudo sobre o console, e muitas dúvidas ficaram no ar. Algumas coisas foram devidamente explicadas pela empresa, outras não. Abaixo juntamos todas as informações que já temos sobre ele, assim como algumas das coisas que ainda queremos saber se ele fará.

O que é o Nintendo Switch, exatamente?

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É o novo console da Nintendo, oras. O conceito dele é de um híbrido de portátil (área do mercado que a Nintendo reina há quase 30 anos, desde o lançamento do Game Boy em 1989) com um console de mesa (segmento que ela já foi bastante forte, mas perdeu muito espaço principalmente nos últimos anos com o fracasso do Wii U).

O console em si fica dentro de um tablet. Nas laterais dele, é possível ligar dois controles destacáveis – chamados Joy-Con L e Joy-Con R (o que fica à esquerda e à direita da tela, respectivamente). O vídeo de apresentação não deixou claro, mas aparentemente não há nenhum tipo de conector para os controles. Eles devem ter bateria própria e conexão Bluetooth. Digo isso porque uma das formas de controlar o dispositivo é usando os Joy-Con em cada uma das mãos, desligados do tablet. Ainda há outros modelos de controles, mas falaremos disso mais adiante.

Além de poder jogar na telinha do tablet, o Nintendo Switch também pode ser ligado à TV – para isso, basta inserir o tablet no Nintendo Switch Dock, uma base que conta com portas USB e HDMI, além de servir para recarregar o console. A Nintendo disse ao IGN que não há nenhum tipo de hardware extra na base e ela serve apenas para ligar o aparelho na TV e recarregar a bateria.

“O dock não é a unidade principal do console Nintendo Switch. A unidade principal do Nintendo Switch é a que tem a tela LCD, a que os controles Joy-Con podem ser ligados e destacados. A função principal do Nintendo Switch Dock é fornecer ligação com a TV, assim como recarregar e fornecer energia para o sistema.”

Então a base não vai fornecer nenhum tipo de processamento extra: os jogos vão ser iguais seja na TV ou na tela do tablet.

Qual é o tamanho dessa coisa?

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Não temos nenhuma informação concreta sobre isso, apenas algumas especulações com base no vídeo que foi mostrado. O ArsTechnica fez uma “análise visual” do dispositivo e estima que o tablet tenha dimensões de 184,1 x 106,4 mm sem os controles Joy-Con, ou 253,4 x 106,4 mm com os controles presos à lateral do dispositivo. A tela teria 6,56 polegadas, com resolução ainda não divulgada (a Nintendo diz apenas que será em alta definição, então acho que dizer que é 720p é um bom palpite). Para efeito de comparação, um iPad Air de 9,4 polegadas tem 240 x 169,5 mm.

Espera um pouco. Ele é um portátil ou um console de mesa?

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Os dois. Você pode começar a jogar The Legend of Zelda: Breath of the Wild na TV, por exemplo, e depois desconectar o tablet da base para continuar jogando em outro lugar. O vídeo de apresentação mostrou a transição de uma tela para outra como sendo quase instantânea: tire o aparelho da base e a tela já acende na parte do jogo que você deixou. Conecte o tablet na base e a TV começa a exibir a imagem que estava na outra tela.

Não dá para dizer com certeza se essa mudança vai ser simples e imediata desse jeito – temos sempre que lembrar que só vimos um vídeo publicitário do aparelho que não necessariamente reflete o funcionamento do hardware e software final.

Mas, ao Polygon, a Nintendo disse que o Switch é “acima de tudo um sistema caseiro”. Então o marketing – ao menos nos EUA – vai ser voltado para as suas capacidades domésticas, não tanto às capacidades portáteis. Um press release divulgado pela Nintendo ontem (20) chama o Switch de “sistema de jogos doméstico”. “A mobilidade de um portátil é adicionada à potência de um sistema de jogos doméstico para permitir novos estilos de jogo”, diz a empresa.

Ele vai ser compatível com jogos antigos da empresa?

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Se você espera poder reaproveitar os discos do Wii, Wii U e os cartuchos do Nintendo DS e 3DS, tenho uma má notícia: à revista japonesa Famitsu (traduzido pelo Perfectly Nintendo), a Nintendo disse que o Switch não vai rodar nenhuma mídia física desses consoles.

Mas não significa que a retrocompatibilidade esteja totalmente descartada.

Desde o lançamento do Nintendo Wii, a Nintendo mantém o seu Virtual Console, uma plataforma que permite jogar títulos antigos em máquinas mais modernas. Jogos de NES, SNES, Nintendo 64 e Game Boy podem ser jogados no seu Wii, Wii U e Nintendo 3DS. No caso do Wii U, o Virtual Console também inclui títulos de Nintendo DS.

Então pode ser que jogos desses consoles sejam disponibilizados em versão digital.

Talvez seja sonhar demais, mas eu ficaria muito feliz se pudesse reaproveitar os títulos que comprei na eShop do Nintendo 3DS no Nintendo Switch.

A retrocompatibilidade de títulos físicos, portanto, está descartada. Mas a de jogos digitais ainda não.

E qual é a mídia que o Switch vai usar?

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Os jogos do Nintendo Switch devem vir em cartuchos. Não se assuste: não se trata dos cartuchos enormes das décadas de 80 e 90 (que, apesar de serem mais caros que mídias óticas, eram bem legais e podiam contar com hardware extra para os jogos). Serão pequenos cartões de memória – chamados de Game Cards pela Nintendo. Como se fossem cartões SD. Como se fossem os cartuchos do Nintendo DS e do 3DS, ou do PlayStation Vita.

Ainda não está claro qual é a capacidade desses cartões, mas rumores de antes do anúncio oficial do Switch diziam que eles poderiam ter até 32GB.

E além dos cartuchos, a Nintendo também vai vender seus jogos em versões digitais, como já faz no Nintendo 3DS e no Wii U. Só falta a empresa divulgar qual vai ser a capacidade de armazenamento interno e quais as opções de expansão desse espaço, já que os jogos não devem ser lá muito pequenos.

O que são esses tais de Joy-Con?

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Os controles destacáveis do Switch contam com a mesma quantidade de botões: o lado esquerdo tem um analógico, dois botões de ombro e quatro botões frontais. No caso do Joy-Con L, esses quatro botões frontais são chamados de cima, baixo, esquerda e direita. É o bom e velho direcional digital dividido em quatro botões diferentes, em vez de ser uma cruz como a Nintendo sempre fez. No Joy-Con R estão os botões A, B, X e Y.

É importante que os Joy-Con tenham exatamente a mesma quantidade e configuração de botões porque uma das formas de jogar o Switch é com eles separados em dois jogadores: um usa o Joy-Con L, o outro jogador usa o Joy-Con R. Ainda de acordo com as estimativas do ArsTechnica, cada um dos Joy-Con deve ter mais ou menos 106,4 x 34,3mm. É um pouco pequeno. O controle do NES, para efeito de comparação, tem 123 x 53 mm.

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Além de poder jogar com os Joy-Con presos ao tablet e separados para multiplayer, também vai ser possível juntar os dois em um suporte chamado Joy-Con Grip, que faz com que eles pareçam mais um controle convencional.

Outra opção é a compra de um Nintendo Switch Pro Controller, um controle convencional que usa o bom e velho direcional em cruz e a mesma disposição dos botões do controle do Xbox One.

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Não está claro se o Switch vai manter os sensores de movimento que fizeram do Nintendo Wii um sucesso, e que apareceram depois tanto no Wii U quanto no 3DS.

E essa tela, é sensível ao toque?

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Ao Kotaku, a Nintendo não confirmou nem negou que o Switch vai ter uma touchscreen. “Não temos nada para falar sobre isso. Faremos anúncios adicionais sobre o hardware do Nintendo Switch mais adiante, antes do lançamento do produto.”

Se o Switch não tiver uma touchscreen (e nem sensores de movimento), a Nintendo vai abandonar as funcionalidades que marcaram seus consoles nessa última década. Desde que o Nintendo DS chegou às lojas no fim de 2004, os portáteis da empresa sempre contaram com uma tela sensível ao toque. O Wii U também tem uma no GamePad.

Rumores de antes do anúncio do Switch diziam que ele seria compatível até mesmo com jogos de celular – provavelmente os títulos mobile que a própria Nintendo está desenvolvendo. Se for verdade, uma touchscreen é fundamental. Mais do que isso: precisa ser uma tela que detecta múltiplos toques de uma vez, e não apenas um, como as que a Nintendo usa atualmente.

Quão potente o Switch é?

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Não sabemos! A única informação que temos em relação às entranhas do Switch é que ele vai rodar um chip da NVidia modificado. Não sabemos nem qual é o chip usado como base para ele.

Mas, considerando as investidas recentes da NVIdia no mundo mobile, dá para ter uma ideia do que esperar, mais ou menos. O NVidia Tegra X1, lançado há dois anos, tem potência semelhante a um PS3. Se a Nintendo não quiser usar um processador tão antigo, pode ser que ele venha com o X2. O X2 não foi formalmente anunciado, mas muitos especulam que ele tenha potência mais próxima de um Xbox One ou PS4.

De qualquer forma, é pouco provável que a Nintendo divulgue especificações técnicas bastante detalhadas. Já faz mais de uma década que a empresa deixou de lado a corrida das specs e tenta diferenciar seus consoles dos outros do mercado com funcionalidades novas, e não potência.

Então é difícil dizer se o Switch vai ser capaz de rodar jogos com a potência de um PS4 ou Xbox One (diria até que isso é improvável). Mas podemos esperar algo acima do que fazem Xbox 360, PS3 e Wii U.

E a bateria, aguenta quanto tempo?

Ok, se ele é um portátil, é bom que a bateria dure bastante tempo, né? A autonomia dos consoles recentes da Nintendo não é lá das melhores, mas será que o Switch vai ser diferente?

Ao Kotaku, a Nintendo deu declarações não muito animadoras em relação à autonomia do console. “Vamos anuncias mais detalhes de hardware depois, mas estamos desenvolvendo o Nintendo Switch para que consumidores consigam aproveitar jogos com conforto fora de casa.”

Não dá para saber se isso significa que teremos, digamos, 10 horas de jogo no Switch (o que é bastante improvável), mas também não dá para dizer a partir disso que ele vai sugar energia loucamente. Mas o histórico recente da Nintendo com baterias não é nada bom. O Nintendo 3DS, em todos os seus modelos, oferece entre 3 e 5 horas de jogo. O GamePad do Wii U também fica nessa faixa.

Segundo Laura Dale, do Let’s Play Video Games, a bateria do Switch vai ficar na faixa do “terrível”. Ela ouviu diversas fontes que disseram que a autonomia dele é “medíocre” e que deve durar cerca de três horas.

Quais jogos o Switch vai receber?

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Até agora são poucos os títulos confirmados: The Legend of Zelda: Breath of the Wild (Nintendo), Dragon Quest XI (Square-Enix), Just Dance 2017 (Ubisoft) e Project Sonic (Sega).

E só.

No vídeo de apresentação do console, outros títulos foram demonstrados, mas nenhum deles teve o desenvolvimento confirmado.

Um deles foi The Elder Scrolls V: Skyrim, da Bethesda. A Bethesda inclusive aparece na lista de desenvolvedores parceiros do Switch. Mas, apesar de confirmar que seus estúdios estão desenvolvendo jogos para o novo console, a empresa preferiu não dizer se Skyrim é de fato um deles.

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“Não estamos confirmando nenhum jogo específico no momento, estamos satisfeitos em anunciar nossa parceria com a Nintendo e suporte ao Switch. Estamos ansiosos para revelar títulos específicos e detalhes no futuro”, disse um representante da Bethesda ao Games Industry.

Outros jogos demonstrados são da própria Nintendo e ninguém duvida que, se não forem lançados na forma como apareceram no vídeo, de alguma forma vão dar as caras no console. São eles um novo Super Mario em 3D, um novo Mario Kart e Splatoon.

O importante para a Nintendo é, pelo menos nesse primeiro momento, ter apoio de thirds. É verdade que o Wii U até teve uma lista de lançamento de respeito, com títulos como Call of Duty, Assassin’s Creed, Mass Effect 3 e Batman: Arkham City, mas o amor das thirds pelo console durou pouco tempo. O Wii U nunca decolou em vendas e aos poucos as empresas foram abandonando o console, até que a Nintendo ficou praticamente sozinha desenvolvendo para ele.

A lista de parceiros divulgada ontem pela Nintendo é bastante respeitável, mas não significa que o Switch vai receber a quantidade de títulos que PS4 e Xbox One recebem, muito menos que serão projetos do mesmo tamanho, ou com a mesma qualidade.

O que vem na caixa do Switch?

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A Nintendo só confirmou ao IGN que o console vai acompanhar os Joy-Con, nada além disso. Mas, por divulgá-lo como um console doméstico, podemos especular que o Nintendo Switch Dock também vai ser incluso na caixa dele. E quem sabe o Joy-Con Grip.

O Nintendo Switch Controller Pro quase que certamente vai ser vendido separadamente. Talvez unidades adicionais dos Joy-Con também sejam vendidas. E o Dock? Acredito que para muita gente seria uma boa poder ter mais de um – seja para ter a flexibilidade de escolher inclusive em qual TV da casa vai poder jogar, ou para deixar um na casa na cidade e outro na praia, por exemplo.

É bom lembrar que a Nintendo não vendeu em nenhum momento unidades adicionais do GamePad do Nintendo Wii U, então, vindo dela, tudo é possível.

Quando vamos saber mais sobre ele?

Talvez novas informações do Switch sejam divulgadas já na semana que vem, quando a Nintendo fará uma reunião com investidores para anunciar resultados financeiros trimestrais.

Mas pode ser que detalhes mais concretos fiquem só para o ano que vem – é o que sugere o jornalista Takashi Mochizuki, do Wall Street Journal, disse que a empresa não fará nenhum anúncio oficial no ano sobre jogos ou especificações técnicas, incluindo a possibilidade dele ter ou não trava de região.

E o que mais?

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Basicamente, é isso. Ao que tudo indica, só no ano que vem vamos ficar sabendo mais sobre o hardware, sobre os jogos de lançamento, sobre a disponibilidade e o preço do Nintendo Switch.

A Nintendo segue prometendo ele para março de 2017, então faltam no máximo cinco meses para que tudo seja esclarecido.

[IGN, Kotaku, ArsTechnica, PolygonLet’s Play Video Games, Perfectly Nintendo]

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