Tudo sobre o superfungo de Pernambuco, resistente a remédios; 3 casos confirmados

O Candida auris, identificado pela primeira vez em 2009 no Japão, é transmitido pelo contato com pacientes e superfícies infectados
Tudo sobre o superfungo de Pernambuco, resistente a remédios; 3 casos confirmados
Imagem: Unsplash/Reprodução

Na última terça-feira (23), a SES (Secretaria Estadual de Saúde) de Pernambuco confirmou o terceiro caso de infecção pelo superfungo Candida auris no estado, somente em 2023. O paciente é um homem de 66 anos, que está em um hospital particular de Recife. Outros dois pacientes diagnosticados — divulgados na sexta-feira (19) — também estão internados na região.

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A SES afirma que está monitorando a presença do C. auris, implementando ações para controlar o fungo e evitar a sua propagação. A agência também está investigando se as pessoas foram infectadas nas unidades hospitalares ou em outro ambiente.

O que é a infecção pelo superfungo

A Candida auris causa infecções na corrente sanguínea, em feridas e no ouvido – daí seu nome: auris é a palavra em latim para “ouvido”. Segundo o CDC (Centro para Controle e Prevenção de Doença nos EUA), ainda não está claro se o C. auris também pode causar infecções no pulmão ou na bexiga.

Os sintomas da infecção podem variar bastante dependendo da pessoa e da parte do corpo afetada, mas os mais comuns incluem febre e calafrios – também característicos de muitas outras infecções, o que pode dificultar a identificação dos sintomas. Além disso, o superfungo também pode causar alteração da pressão arterial, dificuldade para respirar e aceleração do ritmo cardíaco.

Uma das maiores preocupações em torno do C. auris é o fato de que, muitas vezes, a infecção é resistente às três classes de medicamentos antifúngicos comuns (fluconazol, anfotericina B ou equinocandinas) e exige um tratamento com vários medicamentos antifúngicos em altas doses. 

É por essa resistência aos antifúngicos que a C. auris é chamada de superfungo. Da mesma forma, as bactérias resistentes a antibióticos são chamadas de superbactérias.

O diagnóstico de uma infecção por C. auris acontece via cultura de sangue ou outros fluidos corporais em laboratório e requer métodos especializados. O superfungo é mais difícil de se identificar do que outros tipos mais comuns de Candida (família de fungos responsáveis pela candidíase). Ele pode ser confundido, o que leva o paciente a receber o tratamento incorreto.

O C. auris foi identificada pela primeira vez em 2009, no Japão, mas sua origem exata é desconhecida – pesquisadores estimam que a cepa mais antiga do fungo seja de 1996 na Coreia do Sul. Hoje, mais de 30 países já relataram infecções por C. auris, mas a disseminação do superfungo pode ser maior.

Quem contrai o superfungo e como

As pessoas que parecem apresentar maior risco de infecção pelo fungo são pacientes que estiveram hospitalizados por longo período, têm tubos colocados em suas veias (para administração de medicamentos e líquidos, por exemplo) ou que receberam antibióticos ou antifúngicos anteriormente.

Outras pessoas mais sujeitas à infecção são pacientes idosos e/ou com sistema imunológico enfraquecido devido a condições como câncer de sangue ou diabete. Por outro lado, o C. auris geralmente não infecta pessoas saudáveis. Ele afeta principalmente quem já apresenta muitos problemas médicos – situação esta em que a doença pode ser fatal.

O fungo pode se espalhar pelo contato com pacientes infectados, superfícies ou equipamentos contaminados, onde pode sobreviver por semanas. Então, pode causar surtos da doença em estabelecimentos de saúde. Por isso, as pessoas que tiveram contato com os pacientes pernambucanos estão passando por testes para conferir se estão livres do superfungo.

Além disso, a Apevisa (Agência Pernambucana de Vigilância Sanitária) divulgou que o Hospital Miguel Arraes só está atendendo casos de emergência. Já o Hospital Tricentenário está parcialmente interditado. As unidades só serão liberadas depois de três amostras com resultados negativos para o C. auris, realizadas num intervalo de 72 horas.

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