A decisão de Elon Musk de limitar o número de posts que cada usuário pode ver no Twitter pode colocar em risco o futuro da plataforma. Especialistas em marketing ouvidos pela AP News alertam que a medida pode afastar ainda mais os anunciantes, minando a principal fonte de receita da rede social.
No sábado (1º), Elon Musk anunciou um limite de postagens que cada usuário poderá visualizar por dia. Inicialmente, o número era de 6.000 para assinantes do Twitter Blue e 600 para usuários não verificados. Após a repercussão negativa, o teto aumentou para 10 mil e 1 mil, respectivamente. A medida é temporária, segundo o dono da plataforma.
“A piada no Twitter era que as pessoas agora teriam que sair para o mundo, mas a realidade é que eles vão para um outro app”, disse Jasmine Enberg, analista da empresa de pesquisa de mercado Insider Intelligence.
“Ao enviar seus usuários para outros lugares, Musk está matando o propósito principal do Twitter para seus anunciantes — uma base de usuários altamente engajada, especialmente em torno de notícias e eventos.”
Segundo ela, muitos usuários não verificados vão chegar ao limite de visualizações muito rápido, já que a maior parte deles apenas consome, e não cria posts. Por isso, eles “costumam rolar por uma quantidade enorme de tweets em pouco tempo”, diz.
Além disso, a plataforma passou a restringir a visualização de postagens dentro da rede apenas para usuários logados, o que diminui ainda mais o alcance dos anúncios.
Em março de 2023, um relatório divulgado pelo Twitter mostrou que suas receitas caíram 40% no último trimestre de 2022, justamente após a compra pelo bilionário. Em dezembro daquele ano, cerca de 70% dos 100 principais anunciantes do Twitter pré-Musk já não estavam mais anunciando na rede social.
Concorrência agradece
Não há informações ainda se o limite de visualizações de tweets anunciado no fim de semana ainda está em vigor. Quem se beneficia dessa confusão é a concorrência.
Instagram Threads chega para disputar espaço com o Twitter Imagem: Reprodução/Meta
Para piorar a situação, a Meta anunciou um novo app com interface e funções muito semelhantes às do Twitter. O Instagram Threads deve ser lançado nesta quinta-feira (6) e usuários do Instagram poderão migrar facilmente para a nova plataforma.
Além disso, o Twitter ainda sofre concorrência do Bluesky, plataforma criada em 2019 pela própria empresa, mas que acabou se separando em 2022 após a aquisição de Musk. O site é administrado por Jack Dorsey, um dos fundadores do Twitter. Ainda em fase experimental, o Bluesky ganhou tantos acessos nos últimos dias que foi obrigado a bloquear temporariamente novos cadastros.
Formado em Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero. Já passou pelas redações da Editora JBC, São Paulo Shimbun, Folha de S. Paulo e Portal R7. Prefere o lado alternativo das coisas, de música a futebol.
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