Dois anos depois, Ubuntu é enfim lançado em smartphones
Em janeiro de 2013, Mark Shuttleworth – fundador da Canonical – causou alarde ao apresentar o Ubuntu para smartphones, sistema baseado em gestos que deveria ter estreado no ano passado. Agora, depois de alguns atrasos, ele enfim será lançado.
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Segundo o GigaOM, o Ubuntu chega ao mercado nesta segunda-feira através da espanhola BQ. A empresa vende smartphones, tablets, e-readers e até impressoras 3D.
Há um ano, ela prometia “trazer o Ubuntu com suas melhores especificações de hardware”. Em vez disso, teremos apenas uma variante do mediano Aquaris E4.5 sem o Android.
Ele possui tela IPS de 4,5 polegadas e resolução 960 x 540, processador quad-core de 1,3 GHz, 1 GB de RAM e 8 GB de armazenamento expansíveis por microSD. Temos uma câmera traseira de 8 MP com flash, frontal de 5 MP, som Dolby e bateria de 2.150 mAh. Ele aceita dois chips e custa €170 (cerca de R$ 530).
A diferença está no software: o Ubuntu tem uma interface focada em gestos. Deslize da esquerda para abrir a barra de programas; deslize de baixo para abrir o menu do app; deslize da direita e alterne entre apps.
O sistema também traz algumas novidades na barra de notificações: você pode acessar configurações de volume, redes, mensagens abrindo o painel de notificações e deslizando para os lados. Confira aqui nosso hands-on do Ubuntu Touch.
Ele virá com apps para serviços como Facebook, Twitter, Telegram, eBay, Amazon, SoundCloud e Grooveshark. VLC, LastPass e Evernote também prometem dar suporte ao sistema. Ele não roda apps de Android: os desenvolvedores precisam convertê-los para apps nativos.
O Ubuntu Touch também prometia alguns recursos mais ambiciosos. Você poderia conectar o smartphone a um teclado, mouse e monitor e usar a interface tradicional de desktop – só que isso exige um processador potente. Cristian Parrino, chefe de mobile na Canonical, diz ao GigaOM que isso faz “parte da nossa visão para o futuro” e não estará disponível no smartphone da BQ.
Em 2013, a Canonical tinha um plano bem ousado: arrecadar US$ 32 milhões para desenvolver o Ubuntu Edge (imagem acima), com especificações potentes – 4 GB de RAM, 128 GB de armazenamento – e dual boot entre Android e Ubuntu. Quando você estivesse no Android, poderia acessar o Ubuntu através do app da Canonical.
O smartphone custava a partir de US$ 600. A campanha no Indiegogo quebrou recordes, mas só chegou a US$ 12,8 milhões – e o projeto foi engavetado.
O que restou dessa visão, por enquanto, é um aparelho mediano da BQ que será vendido apenas na Europa, e apenas pela internet. Com Windows Phone, BlackBerry, Tizen, Sailfish (da Jolla) e outros brigando pelo pouco espaço que Android e iOS ainda não abocanharam, o Ubuntu Touch ainda tem chance? [GigaOM]
Imagens por Canonical e BQ