Um terço das geleiras do Patrimônio Mundial vai derreter até 2050
Um novo estudo divulgado pela Unesco e a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) apontou que um terço das geleiras mais conhecidas do mundo pode desaparecer nos próximos 30 anos.
O relatório ressalta que algumas geleiras icônicas localizadas dentro de sítios que fazem parte do Patrimônio Mundial derreterão até 2050. E esse destino já está traçado, não importa o que os humanos façam para deter o aquecimento global e as mudanças climáticas.
Na lista estão as galerias de Yosemite e Yellowstone, nos Estados Unidos; Dolomitas, na Itália; Pirineus, na França/Espanha; assim como as últimas remanescentes da África, no Monte Kilimanjaro, Monte Quênia e montanhas Rwenzori-Virunga.
Quanto aos outros dois terços, em um cenário de alta emissão de gases de efeito estufa, geleiras em pelo menos 10 outros locais – com tamanhos entre 10 e 100 km² – podem desaparecer completamente até 2100.
Com este derretimento, a estimativa é que a massa de gelo pode chegar a mais de 8.000 gigatolenadas, elevando o nível do mar em 20 milímetros. Segundo a Unesco, esse volume de água seria o suficiente para submergir toda a superfície do Brasil em pelo menos um metro.
Para salvar essas geleiras, seria necessário limitar o aquecimento global a 1,5º C acima dos níveis pré-industriais. Mas, mesmo assim, cerca de 30% da massa de gelo ainda seria perdida.
“Esses resultados enfatizam a forte influência que a redução de emissões pode ter na magnitude da perda de gelo e na preservação das geleiras do Patrimônio Mundial”, diz o relatório.
Atualmente, a Terra conta com 18.600 geleiras identificadas em 50 sítios do Patrimônio Mundial. Juntas, elas abrangem uma área de cerca de 66 mil km², representando quase 10% da área glacial do planeta (os outros 90% estão na Antártida).
Pesquisas realizadas com dados de satélite destacam que essas geleiras estão recuando em ritmo acelerado desde o ano de 2000. As geleiras do Patrimônio Mundial perdem em média cerca de 58 bilhões de toneladas de gelo todos os anos — um volume equivalente ao total de água consumida na França e na Espanha ao longo de um ano.