Usinas que “criam” água serão instaladas em São Paulo nos próximos anos

Pedro Ricardo Paulino, criador da Wateair, explicou um pouco como funciona o projeto da criação de usinas que transformam a umidade do ar em água.

O estado de São Paulo passa pela sua maior crise hídrica da história, com reservatórios de água quase secos e risco de desabastecimento da Região Metropolitana de São Paulo. Uma ideia inusitada pode ajudar a evitar que o pior aconteça para a população paulista — uma máquina que “faz” água a partir do ar. Falamos com o engenheiro Pedro Ricardo Paulino, criador da Wateair, para entender melhor como isso funciona, e como as máquinas serão recriadas em tamanho maior na forma de usinas de “criação” de água.

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“Basicamente, esse processo funciona com a condensação forçada a partir do resfriamento súbito do ar”, ele explicou. Atualmente, sua tecnologia consegue “criar” água em pequena escala, mas há planos de criar usinas maiores para dar conta de ajudar no abastecimento de São Paulo. Segundo Paulino, a abordagem deve ser levemente diferente para a produção em grande escala. “Estamos desenvolvimento uma sistemática diferente, já que por esse o consumo elétrico seria alto”, ele explicou. A ideia geral continuará sendo a mesma — a “transformação” da umidade do ar em água se dará pela condensação através de choque térmico. “Mas o novo projeto ainda não está pronto”, ele ressalta.

Em relação às usinas criadas em parceria com o governo estadual, Paulino estima que elas terão em torno de 500 metros entre os espaços para geração de energia, para a condensação do ar e o armazenamento da água. Os locais escolhidos para abrigar as instalações são as margens dos rios Tietê e Pinheiros que, de acordo com o engenheiro, são os locais ideais para colocar essas usinas — apesar de ainda não ter nenhuma área definida para a construção de uma delas.

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E quanto tempo leva até elas ficarem prontas? Bem, isso depende de muita coisa. Como o projeto ainda não está pronto, é difícil dizer com certeza quanto tempo a construção das usinas demorará. Mas Paulino estima que a primeira deve chegar em cerca de dois anos. As outras, que se aproveitarão de um projeto finalizado e executado, tendem a demorar menos. O engenheiro lembrou das usinas de dessalinização da água do mar instaladas em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes. Inicialmente estimava-se que elas levariam dois anos para ficarem prontas, mas acabaram demorando cinco. Isso porque muitos testes foram feitos durante a instalação delas, e isso acabou atrasando um pouco o andamento do projeto. Para as usinas de condensação do ar de São Paulo, o mesmo pode acontecer.

A boa notícia é que, além de oferecer uma opção para o abastecimento de água que não seja através das represas, as usinas da Wateair podem purificar o ar. “Pode acabar com o cheiro de esgoto que tem no ar nas proximidades dos rios”. Isso seria excelente. Ao longo dos próximos meses vamos acompanhar o desenvolvimento do projeto das usinas e torcer para que, de fato, elas contribuam, mesmo que pouco, no abastecimento de água em São Paulo.

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