Uso de casca de coco melhora cultivo de bromélias e pode reduzir o extrativismo predatório
Cientistas propõem uma forma de diminuir o risco de extinção das bromélias no estado do Paraná. No lugar de extrair essas plantas das florestas, a solução envolve cultivá-las com uso de um substrato de resíduos da casca de coco, recurso abundante no litoral paranaense. A conclusão é de um estudo da Universidade Estadual do Paraná (Unespar) publicado na segunda (4) na “Revista do Instituto Florestal”.
Os pesquisadores testaram a capacidade de germinação de bromélias em seis substratos feitos de materiais facilmente encontrados no estado do Paraná: turfa, fibra de casca de coco, substrato da marca ‘plantmax’, húmus de minhoca, casca de pinus umidificada e solo agrícola peneirado. O experimento foi realizado com 25 sementes por unidade experimental, à temperatura ambiente, irrigadas por um período de 90 dias. Os substratos foram quimicamente analisados de acordo com as normas do Instituto Agronômico de Campinas (IAC).
No 15º dia de experimento quase todas as sementes haviam germinado nos seis substratos testados. O destaque foi para o substrato de casca de coco: quase 30% a mais de sementes de bromélia germinaram nele. O substrato apresenta vantagens de reter bastante água e ser resistente a mudanças de ambiente.
O resíduo da casca de coco tem uma importância regional no Paraná, pois a fruta é bastante consumida no litoral durante os meses de verão, o que gera aproximadamente 300 toneladas de casca. O material pode representar até 70% do lixo sólido descartado em aterros dos municípios da região. Por isso, transformar esses resíduos em substrato poderia ajudar a reduzir o lixo e ser uma nova fonte de renda para a população.
Os resultados do estudo preenchem uma lacuna de conhecimento sobre culturas agronômicas de bromélias. Até então, a produção comercial dessas plantas era limitada por se desconhecer as técnicas mais adequadas de plantio. A extração de bromélias diretamente das florestas era o meio mais recorrente para obtê-las. “Estamos muito satisfeitos com os resultados, as pesquisas precisam se conectar com a realidade, propor alternativas que contribuam com práticas sustentáveis e com a integração entre ser humano e meio ambiente”, explica Adilson Anacleto, doutor em ciências pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e coautor do artigo.
Agora, o próximo passo será avaliar a demanda e o potencial de mercado das bromélias que serão cultivadas. Já se sabe que elas são mais resistentes a viagens de longa duração, pestes e doenças, o que favorece a sua produção e venda. “A próxima fase do estudo envolve analisar o perfil do consumidor dessas plantas para determinar quais são as melhores formas de comercializá-las”, revela o pesquisador.