USP desenvolve ferramenta que promete identificar bactérias em segundos
Um estudo, feito por cientistas de 14 países, incluindo três integrantes da Universidade de São Paulo (USP), promete acabar com a espera por resultado de culturas bacterianas em fluidos biológicos.
A ferramenta, que recebeu o nome de MicrobeMASST, consegue identificar rapidamente os microrganismos, particularmente bactérias, que infectam humanos e animais ou contaminam alimentos e o meio ambiente.
Se trata de uma rede em nuvem, gerenciada por diferentes programas, que compara informações químicas de microrganismos. Assim, buscando pela identidade em um banco de dados mundial de livre acesso.
A rede reúne mais de 100 milhões de dados vindos de quase 61 mil análises químicas microbianas. Cerca de 1.300 espécies referenciam a amostragem, além de mais de 500 gêneros e mais de 260 famílias de bactérias.
Inovação nas culturas bacterianas
O principal diferencial, segundo os cientistas, é que ferramenta preenche lacunas de outros bancos de dados públicos e comerciais. Eles normalmente são limitados a modelos que usam o genoma e não a massa e estrutura químicas.
Além da saúde, identificação desses microrganismos serve a diferentes setores. Como, por exemplo, a agronomia (patógenos do solo ou plantas) e a arqueologia.
Além do peso molecular, a espectrometria, técnica utilizada na ferramenta, fornece informações das diversas partes da molécula. Assim, a espectrometria de massas fornece duas informações, explica o professor.
“A massa, que popularmente chamamos, de forma errônea, de peso, e quais são as ligações existentes entre os átomos, que é característica de cada uma das substâncias químicas”, explica ao Jornal da USP Norberto Peporine Lopes, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP).
Os três laboratórios da USP responsáveis pela nova ferramenta são:
- Letícia Lotufo, do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB);
- Mônica Tallarico Pupo, da FCFRP; e
- Professor Lopes, responsável pela Central de Espectrometria de Massas de Micromoléculas Orgânicas da FCFRP, que gerou parte dos dados espectrais do estudo.
Além da USP, a criação do MicrobeMASST para detecção de bactérias contou com a participação do Instituto de Ciências do Mar da Unifesp. Também da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, da Escola Superior de Ciências de Saúde da Universidade do Estado do Amazonas e da Embrapa Amazônia Ocidental.
Os detalhes do trabalho de bactérias realizado pelo grupo de cientistas com presença da USP estão em um artigo que foi publicado pela Nature Microbiology.