Ciência

Vacina contra chikungunya do Butantan é a 1ª no mundo a ser aprovada para a doença

Imunizante criado em parceria com Valneva recebeu aprovação para uso nos EUA; Butantan busca a aprovação também no Brasil
Imagem: Mateus Serrer/ Comunicação Butantan/ Reprodução

A primeira vacina contra chikungunya foi aprovada para uso nos EUA. O imunizante é fruto de uma parceria entre o Instituto Butantan, órgão vinculado à Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, e a empresa de biotecnologia franco-austríaca Valneva.

O imunizante recebeu aprovação da FDA (Food and Drug Administration), que equivale à Anvisa nos Estados Unidos. Para embasar a decisão, a agência utilizou dados de um ensaio clínico realizado nos EUA, que demonstrou que a vacina é segura e induziu anticorpos em 98,9% dos participantes.

Por enquanto, seu uso está permitido apenas para maiores de 18 anos. Contudo, novos ensaios estão em curso. A expectativa é que a vacina também seja aprovada para uso em outros países – incluindo o Brasil — no próximo ano.

Até agora, o vírus chikungunya já atingiu 110 países da Ásia, África, Europa e das Américas. Assim como a dengue, ele é transmitido pelos mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus, causando febre, dores nas articulações de pés e mãos, manchas vermelhas na pele, dor muscular e dor de cabeça.

Por não ter tratamento específico para a doença, a principal maneira de evitar a infecção é controlando as populações dos mosquitos. Por isso, as vacinas podem garantir uma imunização adequada, diminuindo consideravelmente o número de casos.

Sobre a vacina

De modo geral, o ensaio clínico feito nos Estados Unidos revelou que uma única dose da vacina da chikungunya é o suficiente para imunizar a população. Foi dessa forma que cerca de 98,9% dos participantes do estudo criaram anticorpos.

Os dados ainda confirmam que a proteção da vacina dura ao menos seis meses. Depois deste período, cerca de 96,3% dos voluntários da pesquisa ainda tinham os anticorpos necessários para combater o vírus.

Além disso, o imunizante também se mostrou seguro, com reações adversas leves. Entre elas, a pesquisa citou dor de cabeça, fadiga, dores musculares, dores nas articulações, febre, náusea e sensibilidade no local da injeção.

Butantan realiza ensaio clínico no Brasil

De acordo com a OMS, os casos de chikungunya no Brasil aumentaram 78% entre 2021 e 2022. Portanto, o país é considerado uma região onde há transmissão do vírus. 

Agora, o Butantan conduz outro ensaio clínico em regiões consideradas como áreas de transmissão do vírus. E, desta vez, o foco é em adolescentes. 

A vacina está sendo testada em 750 brasileiros de 12 a 17 anos que residem em áreas endêmicas nas cidades de São Paulo (SP), São José do Rio Preto (SP), Salvador (BA), Fortaleza (CE), Belo Horizonte (MG), Laranjeiras (SE), Recife (PE), Manaus (AM), Campo Grande (MS) e Boa Vista (RR).

Segundo o instituto, os resultados do estudo sairão em breve e poderão embasar também a ampliação da faixa etária indicada para receber a vacina. De modo geral, o Butantan pretende submeter o pedido de aprovação do imunizante para a Anvisa no primeiro semestre de 2024.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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