Vacina experimental para COVID-19 mostra resultados promissores em testes com humanos
Uma vacina experimental para COVID-19 está mostrando resultados promissores (embora bastante preliminares), de acordo a fabricante. Nesta segunda-feira (18), a empresa de biotecnologia Moderna anunciou os resultados preliminares de um ensaio clínico fase I da candidata à vacina, chamada mRNA-1273.
O teste clínico descobriu que a vacina é tolerável e segura, e muitos dos participantes também pareceram criar anticorpos para o SARS-CoV-2, o coronavírus que causa COVID-19.
Os testes envolveram 45 voluntários saudáveis, homens e mulheres, entre 18 e 55 anos de idade.
Foram testadas três doses diferentes (de 25, 100, ou 250 microgramas por injeção). Em todos os casos, foram dadas duas injeções dentro de um período de 28 dias. Foram realizados exames de sangue nos voluntários rotineiramente, buscando por anticorpos.
Os ensaios clínicos de fase I são projetados para testar a segurança de um tratamento experimental, sendo secundárias quaisquer considerações sobre a sua eficácia. Por esse padrão, a vacina deve passar para a fase seguinte.
De acordo com a empresa, três pessoas que tomaram a dose mais alta da vacina (250 microgramas) experimentaram um evento adverso de grau 3 após a segunda dose, enquanto uma pessoa do grupo de 100 microgramas experimentou vermelhidão de grau 3 ao redor do local da injeção. Ninguém no grupo de 25 microgramas experimentou algum evento semelhante.
Esse grau 3 refere-se a reações que são consideradas graves, mas não ameaçam a vida. Todos os eventos adversos relatados foram de curta duração e desapareceram por conta própria, segundo a empresa.
Neste momento, a Moderna disse que tem dados disponíveis dos grupos de baixa e média dosagem em relação aos níveis de anticorpos. O estudo para o grupo de alta dosagem ainda não foi concluído.
Após duas semanas da segunda dose, todos os voluntários do grupo de 25 microgramas apresentaram níveis de anticorpos de ligação similares aos observados no plasma doado de pacientes que pegaram COVID-19 e se recuperaram.
O grupo de 100 miligramas tinha níveis médios mais altos desses anticorpos do que os níveis dos doadores de plasma.
Anticorpos de ligação são importantes para a resposta imunológica a qualquer microorganismo em particular, mas eles não previnem a infecção por si só. Anticorpos neutralizantes, no entanto, podem impedir que vírus infectem outras células.
Dos oito participantes com dados disponíveis, todos pareciam produzir níveis de anticorpos neutralizantes em níveis similares ou superiores aos dos pacientes recuperados do COVID-19.
A empresa também anunciou resultados bem sucedidos de um estudo com ratos. Os ratos que receberam a vacina pareciam se defender do crescimento do vírus em seus pulmões, segundo a conclusão do estudo. Os níveis de anticorpos neutralizantes medidos em ratos sem infecção correlacionaram-se com os níveis encontrados nos voluntários humanos.
Esses dois estudos combinados “substanciam nossa crença de que o mRNA-1273 tem o potencial de prevenir a doença COVID-19 e avançar nossa capacidade de selecionar uma dose para ensaios cruciais”, disse Tal Zaks, médico responsável pela Moderna.
É claro que estes são resultados precoces. Embora seja a primeira pesquisa divulgada a partir de um ensaio em humanos de uma potencial vacina para COVID-19, os dados do Moderna ainda não foram verificados de forma independente e não estão completos.
Mesmo que o estudo tivesse passado por essas etapas, os resultados promissores dos ensaios da fase I muitas vezes não se traduzem em tratamentos eficazes e aprovados no final das contas. Mas, por enquanto, há motivos para otimismo.
De acordo com a empresa, já estão em andamento os preparativos para ensaios maiores de fase II da vacina, que envolverá pessoas tomando doses de 50 ou 100 microgramas. Caso as coisas continuem bem, a Moderna espera começar a recrutar pessoas para um ensaio da fase III ainda em julho, enquanto aguarda a aprovação do governo.
Pelo menos 110 candidatas a vacinas estão sendo estudados neste momento, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), com oito em testes em humanos a partir de 15 de maio.
Alguns especialistas acreditam que qualquer vacina bem sucedida levará mais de um ano, se não mais tempo, para estar amplamente disponível ao público.