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Vaporware – como as máquinas sempre nos decepcionarão

Existe um princípio na psicologia que diz que prometer algo e depois tirá-lo de alguém é uma decepção ainda maior que não saber da existência daquele algo. Os vaporwares são e epítome deste efeito para os mais viciados em gadgets.

Existe um princípio na psicologia que diz que prometer algo e depois tirá-lo de alguém é uma decepção ainda maior que não saber da existência daquele algo. Os vaporwares são e epítome deste efeito para os mais viciados em gadgets.

Este relato do Gear Diary sobre o Keyport me trouxe de volta sensações de raiva e frustração. Se você não se lembra, o Keyport era um dispositivo que pegava seis chaves suas – fabricação personalizada – e permitia que você as estendesse individualmente como se fossem as garras do Wolverine, uma faca butterfly ou um canivete suíço. Ideia fantástica; execução de merda.

A empresa tem exibido seu “produto” desde 2007 e até mostrou fotos e vídeos do processo de fabricação – um processo tão sofisticado que eles podem cobrar 300 dólares por um conjunto. E o que foi que eles fizeram com todas aquelas encomendas de 300 dólares cada? Não entregaram o produto, foi isso o que fizeram. De fato, eles devolveram o dinheiro das pessoas em 2008, mas não chegaram a devolver suas chaves. Por quê? Não fazemos a menor ideia. Após a publicação do post no Gear Diary, um representante da Keyport chegou a ler e prometeu que suas chaves seriam devolvidas e que os produtos reais seriam enviados em algum momento entre agora e o fim escaldante do universo. Meio duvidoso.

Mas esta não é a única decepção que tivemos nos últimos anos. Teve também o Palm Foleo, que na verdade era uma ideia interessante (um dispositivo semelhante a um netbook que se conectava ao seu Palm) que possivelmente estava um tanto adiantado em seu tempo. Ele veio antes da fúria pelos netbooks e morreu uma morte indecorosa das pessoas que não queriam nada com ele e acabaram por forçar a Palm a largar o seu desenvolvimento. Mas e as pessoas que queriam? O Pre não é esponja o suficiente para absorver todas aquelas lágrimas, mas por fim pode vir a ser uma escolha melhor, comercialmente falando.

Daí tem as coisas que há tanto tempo viraram vaporware que as pessoas pararam de se importar. Alguém aqui realmente ficou surpreso quando Duke Nukem Forever foi obliterado porque a empresa ficou sem grana antes dos seus funcionários conseguirem trocar mais uma vez as engines de renderização? Tristes, sim, mas surpresos? E o console de jogo Phantom? Eles finalmente conseguiram apresentar a parte teclado + mouse do seu produto, e até mesmo isso já era forçar a barra.

Será que estamos condicionados, como amantes de tecnologia, a nos acostumarmos com a decepção? Alguém ligou para o laptop indiano de 10 dólares acabar sendo apenas algo idiota? Ou a ideia do laptop de 100 dólares apresentada anos atrás ainda não ter se materializado? E que tal um laptop de potência decente que lhe permita trabalhar por oito horas consecutivas nele? Onde está tudo isso?

Eu acho que estamos tão acostumados com os gadgets nos desiludindo que acabamos aceitando o que chega a nós. Não nos importamos muito com o fato da Microsoft não ter conseguido inserir todos aqueles recursos prometidos do Longhorn – que foi reduzido até se tornar o Vista – no Windows 7. Ficamos apenas felizes pelo fato de eles entregarem o SO no prazo certo. Prazo certo! Estamos nivelando uma das maiores empresas de software do mundo no mesmo patamar que usamos para criancinhas do pré-primário.

Máquinas de Comportamento Mortal: uma semana explorando a relação às vezes difícil entre o homem e a tecnologia.

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