Renas, baleias, aves e peixes. Que tal uma refeição com esse menu? Essa era a dieta “básica” das pessoas que viviam na Groenlândia, um dos lugares mais frios do mundo, há 4,5 mil anos.
Apesar de ser quase exclusivamente carnívora, a dieta é mais variada do que estimavam os cientistas até agora. A descoberta feita por pesquisadores da Dinamarca e Austrália está em um estudo publicado na revista científica Nature Human Behavior no começo de outubro.
Ao estudar quase 2,5 mil fragmentos de ossos consumidos pelos seres humanos, os pesquisadores identificaram 42 espécies de animais que serviam como alimento ao povo Saqqaq.
Essa população é a primeira de que se tem registro que chegou à Groenlândia. Depois deles, migraram os povos Dorset, os nórdicos e os Thule – esses últimos foram os únicos a se tornarem residentes permanentes da região.
O estudo chama a atenção porque responde uma pergunta feita há muito tempo pelos pesquisadores: como os seres humanos sobreviviam em um clima tão frio?
Apesar da limitação em ferramentas, os ossos analisados mostram que o povo Saqqaq se alimentava de uma espécie extinta de rena. Esses animais eram menores que os que vivem hoje por lá.
Eles também comiam baleias, das mais variadas espécies, como baleia-da-Groenlândia, narval (também conhecida como unicórnio-do-mar), e até baleias com barbatana, como a jubarte.
Aparato tecnológico
As baleias-da-Groenlândia teriam sido as mais prevalentes na dieta daquela população população. Segundo os pesquisadores, elas seriam presas mais fáceis ao ser humano.
Há, ainda, evidências do consumo de 20 espécies de mamíferos, nove tipos de peixe e 13 tipos de aves. Entre os peixes havia espécies pequenas, o que demonstra que os Saqqaq pescavam com redes.
Não só isso, as evidências apontam que, para capturar renas e baleias, os ancestrais da Groenlândia tinham conhecimento técnico desde a caça até maneiras de consumo.
Depois de viver por 1,7 mil anos na Groenlândia, um forte período de resfriamento forçou uma nova migração do povo Saqqaq para outra região.
Jornalista e mestre em Linguística. Antes trabalhei no Poder360, A Referência e em jornais e emissoras de TV no interior do RS. Curiosa, gosto de falar sobre o lado político das coisas - em especial da tecnologia e cultura. Me acompanhe no Twitter: @juliamzps
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