Você está proibido de usar o celular no banco
A justificativa é a mesma em diferentes lugares: a ideia da lei é aumentar a segurança ao evitar o golpe da “saidinha” de banco. O bandido avisa o comparsa, via celular, quando alguém sai do banco levando muito dinheiro, para que ele a assalte. Muitas vezes, a “saidinha” acaba na morte da vítima.
Mas a proibição realmente faz sentido? A Febraban (Federação Nacional dos Bancos) avisa que os bancos não têm poder legal de polícia para proibir celulares na agência, muito menos para apreender um celular. Morando em Niterói (RJ), onde vale a proibição, eu já usei meu celular diversas vezes dentro do banco ou em caixas eletrônicos antes de saber dessa lei – e ninguém me avisou, nem me advertiu.
A proibição já deu resultado? Vejamos o caso de Minas Gerais. Segundo o jornal Estado de Minas, antes da proibição a Polícia Militar registrava uma média de 70 “saidinhas de banco” por mês só em Belo Horizonte. E depois da proibição, como ficou? Dado que as notícias de “saidinha” não pararam de surgir, parece que a lei não teve um grande impacto. “Os criminosos não se intimidaram”, diz o jornal. Então o que pode resolver o problema da “saidinha” de banco? O sociólogo Luís Flávio Sapori, ex-secretário de Defesa Social e secretário-executivo do Instituto Minas Pela Paz, avisa:
A única forma de se evitar a saidinha de banco é fazer uma investigação minuciosa para descobrir e desmontar essas quadrilhas especializadas, o que não tem sido bem feito. Esse não é um crime de oportunidade e aventura. Envolve uma forma específica de preparação e abordagem. E até agora não foram investigadas as técnicas dos criminosos para identificar as potenciais vítimas. Se o celular era o grande determinante, eles já mudaram de tática.
Outra forma é, claro, desincentivar as pessoas a saírem do banco levando muito dinheiro. Usem seu cartão! Façam transferência entre contas! Por Deus, usem cheque, mas não saiam com centenas ou milhares de reais no bolso. Mas não, em vez disso querem me proibir de usar o celular na agência… Isso está muito errado. [Estadão via Tecnoblog]
Foto por Quinn Dombrowski/Flickr