O WhatsApp foi novamente bloqueado na China. Usuários estão impossibilitados de enviar mensagens de texto ou compartilhar fotos e vídeos. Não é a primeira vez que o app de mensagens é bloqueado no país, então acredita-se que a medida seja temporária.
Segundo informações do New York Times, usuários de diversas regiões da China começaram a perceber problemas no WhatsApp no domingo (24) e não se sabe por quanto tempo ele permanecerá bloqueado.
Especula-se que o bloqueio seja em antecipação ao congresso do Partido Comunista que tem início em 18 de outubro em Beijing. O evento, que ocorre a cada cinco anos, escolhe os líderes do partido que irão governar o país.
Não é a primeira vez que a China bloqueia o aplicativo. Em julho, os usuários chineses do WhatsApp foram impedidos de compartilhar vídeos, fotos, mensagens de voz e arquivos pelo app – as mensagens de textos, no entanto, continuaram a funcionar normalmente — mas estas funções retornaram algumas semanas depois do início do bloqueio.
Agora, no entanto, o novo bloqueio impede até mesmo o envio de mensagens de texto, o que indica, segundo Nadim Kobeissi, criptógrafo na Symbolic Software, uma start-up de pesquisa parisiense, que os censores da China podem ter desenvolvido uma tecnologia capaz de interferir na criptografia das mensagens do WhatsApp. “Não é um típico método técnico de censura do governo chinês”, disse ao New York Times.
O Facebook, dono do WhatsApp, não comenta a situação. A ferramenta de mensagens foi o último produto da rede social que ainda se mantinha ativo na China – o Facebook segue bloqueado em terras chinesas desde 2009 e o Instagram não foi disponibilizado no país.
Como aponta Lokman Tsui, especialista em comunicações da internet da Universidade Chinesa de Hong Kong, o WhatsApp começou a sofrer problemas de lentidão no domingo, mas alguns usuários ainda conseguiam usá-lo.
É uma prática comum do governo chinês não bloquear por completo serviços de internet ou deixá-los lentos a ponto de serem inutilizados, o que obrigou os usuários chineses a substituí-lo por outro app de mensagens que funcionasse e, no caso, o escolhido foi o WeChat.
Com 963 milhões de usuários ativos, o app de mensagens criado pela Tencent, uma companhia chinesa de internet, tem muitas semelhanças com o WhatsApp. Ele, no entanto,tem uma notória diferença: é facilmente monitorado pelo governo chinês.
Outras formas de censura
A partir do mês que vem, provedores de internet da China serão obrigados a manter informações sobre a identidade real de cada usuário que comentar na internet. Essa é uma medida do governo chinês que visa desencorajar o compartilhamento de “rumores falsos, linguajar chulo e mensagens ilegais”.
Em janeiro deste ano, a China aprovou uma lei que proibiu VPNs não regulamentados pelo governo – elas permitiam acesso a conteúdos bloqueados no país. Em julho, a Apple removeu todos os apps de VPN da App Store chinesa. Agora, toda VPN no país usa a infraestrutura da rede estatal.
O governo chinês também proibiu três grandes websites e estrangeiros de fazerem live streaming dentro do país este ano.
O real interesse do governo, no entanto, parece focar nas mensagens ilegais, uma vez que usuários se sentirão ameaçados em compartilhar informações danosas sobre o governo quando sabem que podem ser rastreados com facilidade.
[TechCrunch via The New York Times]