Primeiras impressões: uma semana com o Xbox Series X
Desde que eu ganhei meu primeiro console nos anos 90, sempre era um Nintendo ou PlayStation — naquela época não tinha muito para onde fugir. Daí chegaram os anos 2000, e a Microsoft também entrou nesse mercado com o Xbox, mas de lá para cá nunca tive um aparelho da linha como meu console principal. Isso mudou há uma semana, quando comecei a testar o Xbox Series X. E cara, essa caixa (perdão pelo trocadilho) tem me surpreendido em todos os aspectos.
Do design quadradão que lembra uma torre, passando pelo hardware que você só encontraria em um PC, e finalmente chegando ao software e jogos que experimentei, o Xbox Series X tem me dado uma prévia do que esperar da próxima geração de consoles. Apesar de ser o videogame que você vai encontrar nas lojas, ele ainda não tem 100% das experiências que só estarão disponíveis no lançamento, dia 10 de novembro. Mas a maioria das coisas já está lá.
Esta ainda não é a análise completa — ela será publicada daqui alguns dias. No entanto, aqui eu vou listar rapidamente alguns pontos que têm me agradado e outros que poderiam melhorar no dispositivo da Microsoft. Quem sabe assim você já tem uma ideia do que esperar do Xbox Series X quando ele for lançado no Brasil na próxima terça-feira, por R$ 4.599.
O que eu gostei
Olha, eu sei que ainda é muito cedo para dar um veredito final sobre isso, e também sei que se trata de um aparelho totalmente novo e sem avarias do tempo. Mas a primeira coisa que me surpreendeu no Xbox Series X é o quão silencioso ele é. Sério, ele não faz barulho nenhum. Parte disso se dá ao trabalho de engenharia que a Microsoft desenvolveu ao colocar todos os componentes do aparelho dentro de uma caixa que de fato lembra um mini gabinete de PC.
Talvez nem todo mundo goste desse design. E eu entendo: na vertical, ele fica bem bonito, quase impossível de não combinar com um quarto ou sala de estar. Agora na horizontal, a história é um pouco diferente. Primeiro porque a base do console não é removível, então, se ficar deitado, aquele círculo no “pé” dele ficará à mostra. Se deixá-lo atrás da TV, você nem vai lembrar que o aparelho está lá.
Indo para a parte de trás, o Xbox Series X tem duas portas USB do tipo A, uma entrada para cabo de rede, uma HDMI 2.1 e uma entrada para memória expansível de 1 TB. Uma coisa muito legal é que, próximo a cada uma dessas portas, a Microsoft colocou relevos em Braille. É um detalhe pequeno, mas super necessário para tornar o aparelho mais acessível.
Mas voltando ao silêncio do console, logo de cara você nota como isso é possível. No topo do Xbox Series X ficam vários furinhos (que também aparecem na parte de trás, onde estão as portas de conexão), e lá dentro tem uma ventoinha enorme que se ativa quando o Xbox é ligado. Depois de algumas horas, também chequei a temperatura e ele não estava pelando igual meu PS4 costuma esquentar. Mas de novo: é super compreensível que coisas assim não aconteçam porque, afinal, é um produto com pouquíssimo tempo de uso.
Partindo para o controle, eu já tive oportunidade de usá-lo por mais vezes conectado a um PC. Sempre considerei o controle do Xbox ligeiramente superior aos controles da concorrência, e no Xbox Series X ele não é tão diferente das versões anteriores. O que muda — e são mudanças muito bem-vindas, diga-se de passagem — é que agora ele tem uma entrada USB-C e um botão dedicado para capturar e compartilhar telas e clipes de jogo.
Além da quietude que mencionei acima, outra surpresa para quem sempre jogou em console é o tempo de carregamento dos jogos no Xbox Series X. Assim como a maioria dos PCs, os consoles de nova geração adotaram SSD, e isso influencia diretamente na performance e rapidez com que as coisas são executadas, desde a abertura de um game ou a própria inicialização do aparelho.
Por ainda estar com o console apenas por uma semana, eu joguei pouca coisa. Na verdade, minha experiência tem se resumido a quatro jogos, sendo eles Destiny 2, Nier: Automata, Gears 5 e Ori and the Will of the Wisps. Todos são da geração passada, mas estão otimizados para o novo Xbox.
O que mais me deixou incrédulo foi Destiny 2: só quem joga no console sabe o tormento que é para ir de um planeta a outro de tão grande que é demora, mesmo tendo uma internet estável. Até carregar por completo a tela de personagem levava cerca de 15 segundos. No Series X, esse carregamento é quase que instantâneo. Do momento que eu abro o aplicativo e vou para a órbita do jogo, eu contei apenas 44 segundos. Para efeito de comparação, no meu PS4 Fat, eu tenho que esperar quase 4 minutos.
Embora nem todos os jogos ainda tenham suporte para 120 Hz, a grande maioria já suporta essa taxa de atualização, além de rodar em 60 fps. Gears 5 é um dos que está nessa lista, e apesar de não trazer uma performance extraordinária ou algo do tipo, a fluidez das imagens me deixa boquiaberto toda vez que inicio o jogo. Lembrando que é possível alternar entre 60 Hz e 120 Hz pelas configurações do console.
E agora que venho experimentando o Xbox Game Pass, vou fazer coro com meus amigos que já assinam o serviço: é uma excelente opção para quem deseja ter games sob demanda sem precisar pagar por cada um deles. Eu vou experimentar mais coisas ao longo das próximas semanas, mas nesse tópico é bem provável que eu já tenha tomado como positiva minha conclusão final.
O software do Xbox Series X ganhou melhorias em relação ao sistema do Xbox One, mas no geral está o mesmo. A principal mudança é na loja, que passou por uma reformulação e aparentemente está mais amigável e fácil de navegar. Na verdade, todo o sistema me pareceu muito simples, talvez por me lembrar (e muito) o layout do Windows 10. Tem até algumas opções para customizar essa interface, embora sejam um tanto limitadas.
O que acaba sendo excepcional nessa interface é o chamado Quick Resume. Trata-se de uma funcionalidade que, além de permitir uma troca quase que imediata entre jogos e apps, também salva a última tela no console. Assim, quando você ligá-lo novamente, ele voltará exatamente de onde parou da última vez. É incrível saber que posso desligar o Xbox Series X quando quiser, mesmo durante um jogo, sem ter que me preocupar em salvá-lo antes.
O que eu não gostei
Por enquanto, meus pontos negativos do Xbox Series X são bem pontuais. O primeiro deles é quanto ao controle, que ainda utiliza duas pilhas AA para funcionar sem cabo. Essa deve ter sido a primeira vez em anos que uso um controle assim. Elas, inclusive, já acabaram, e tenho jogado usando o joystick conectado a um cabo USB-C.
Outra parte que não tem me agradado é com relação ao recurso de compartilhar capturas de tela e vídeos. Ter um botão dedicado no controle já é um grande avanço, mas mesmo testando um console extremamente rápido e responsivo, não entendo como demora tanto tempo para uma screenshot ser salva. Em alguns casos, ela levava minutos para ser armazenada no aparelho. Também achei bem limitado o tempo de salvamento disponível para vídeos: são no máximo 30 segundos. Não deu para capturar quase nada de algumas cenas que gostaria de ter salvo em vídeo.
O Quick Resume, embora seja uma das melhores funções do Xbox Series X, também parece que não está em sua totalidade. Eu tenho a impressão que, em alguns games ou navegando pelo próprio sistema, ele não foi otimizado e acaba por apresentar alguns bugs. Ao tentar trocar de tela em Ori and the Will of the Wisps, por exemplo, o jogo travou por alguns segundos e não respondia mais aos meus comandos no controle. Como eu disse, isso parece ser um problema de pré-lançamento, então é provável que a Microsoft disponibilize uma correção a tempo da próxima terça-feira (10), quando o console chegar às lojas.
Uma pré-conclusão
Quero lembrar que este não é o nosso review final do Xbox Series X, mas uma prévia da minha experiência testando o console durante a última semana. Nesse período, o que posso dizer é que o aparelho parece sim o primeiro passo para uma geração verdadeiramente diferente do Xbox One e do PlayStation 4, com destaque para uma performance tão boa quanto um PC mais caro e altas taxas de atualização e resolução.
Aliás, este é o principal apelo do novo console agora em seu início de vida: é excelente levar seus jogos antigos de outros consoles Xbox para o modelo atual, mas não espere por uma dezena de exclusivos inéditos, pois a ideia aqui parece ser apenas fornecer ao jogador um aperitivo do que está por vir nos anos a seguir. Daqui em diante, estou curioso para ver como a Microsoft vai explorar todas as capacidades técnicas do Xbox Series X.