Uma breve história dos serviços que o Yahoo comprou e estragou
Os rumores se confirmaram e, por US$ 1,1 bilhão, o Tumblr agora é do Yahoo. No comunicado oficial, bem humorado e com GIF animado, Marissa Mayer, CEO do Yahoo, prometeu “não estragar” a nova aquisição da sua empresa. A declaração foi feita para amenizar os usuários do serviço, meio desconfiados da nova morada — com razão, dado o rastro de sangue que o Yahoo costuma deixar quando compra startups. Veja o histórico nada favorável.
GeoCities, 1999
Essa foi bizarra. Na busca por estender a sua “lista de coisas na Internet”, o Yahoo gastou quase US$ 3 bilhões no GeoCities, o paleolítico precursor de todas as coisas que você chama de rede social hoje. Eles pensaram que seria uma vitória fácil: ligue uma coisa popular (o GeoCities era o terceiro site mais visitado do mundo então) a outra e, pronto, popularidade em dobro? Leia este insosso comunicado à imprensa de 14 anos atrás:
“‘O GeoCities construiu a maior e mais popular comunidade na web’, disse Tim Koogle, chairman e CEO do Yahoo. ‘Com esta aquisição, nós aceleramos nossa posição de liderança mundial combinando duas das marcas mais fortes da web e serviços mais usados em uma única poderosa oferta.'”
Parece algo familiar, certo? Todos sabemos o que veio depois: o GeoCities virou sinônimo de feiura e problemas, o lugar comum das piadas sem graça de tecnologia. O Yahoo deixou o site definhar. Ele ficou lá, sentado num canto, triste e desatualizado enquanto via seus usuários migrando para diversas outras redes sociais — o Yahoo nunca tentou tornar o GeoCities algo mais do que uma caverna na web até ele ter uma morte silenciosa, em 2009.
Flickr, 2005
Em vez de criar um site de compartilhamento de fotos sensacional, o Yahoo pegou um que todo mundo já amava e colocou seu nome nele. Os problemas de gerenciamento do agora obscuro site e a alienação da sua base de fãs ferozmente leais, foram marcantes. A nova chefe do Yahoo diz que quer revitalizar o Flickr, mas salvo uma boa piadinha e algumas novidades tímidas, não fez muito por ele até o momento.
Delicious, 2005
Aqui o padrão começa a se definir — estamos lidando com um verdadeiro serial killer de coisas! Mais uma vez, o Yahoo levou uma comunidade querida da internet, no caso por cerca de US$ 20 milhões, e mais uma vez não fez absolutamente nada por ela. Por várias vezes rumores indicaram que o Delicious estava na lista de produtos a serem descontinuados pelo Yahoo, mas no fim os dois caras que inventaram o YouTube compraram o que restou do site em 2011. Desde então eles estão à frente do Delicious, sem repetir o sucesso do passado.
Konfabulator, 2005
Que ano difícil, hein? O Yahoo comprou esta empresa de widgets, extremamente popular entre os leitores Lifehacker, e o rebatizou de “Yahoo! Widgets”. Os engenheiros fundadores do Konfabulator começaram a sair do Yahoo em 2006.
Um monte de empresas emergentes, 2013
Sob a liderança de Marissa Mayer, o Yahoo está tomando uma direção diferente: em vez de comprar sites super populares e fincar os pés neles, ela está devorando startups menores, comprando empresas em queda que não podem dizer “não” porque a outra opção é morrer. É como a Ilha dos Brinquedos Desaparecidos, mas com um monte de ideias excêntricas em vez de brinquedos. Dá uma olhada nessas coisas:
App de compartilhamento social Stamped … Plataforma de vídeo chamadas ONtheAIR … Snip.it, uma ferramenta para copiar e compartilhar conteúdo da web … Alike, um mecanismo móvel de recomendação de estabelecimentos comerciais … Jybe, outro motor de recomendações … Summly, um leitor de notícias … Astrid, um gerenciador de tarefas social … MileWise, um registro de recompensas por viagens com seis funcionários … GoPollGo, uma empresa de votações públicas com três funcionários.
O que o Yahoo fará com todas essas empresas? Quem sabe! Quem se importa! Comprar, comprar, comprar. Encaramos agora a mesma expectativa com o Tumblr, que o Yahoo leva pelos mesmos motivos que levou o GeoCities: comprar uma passagem para a popularidade. E talvez tenha sido uma boa saída para o Tumblr, um site que não gera (e não conseguiria gerar) muito dinheiro por conta própria. Afinal, melhor morrer num hospital multibilionário do que sozinho, jogado na sarjeta.