Em documentos vazados por Snowden, espiões tratam guerra digital como uma piada

De referências à cultura pop, passando por brincadeiras em apresentações de slides que descrevem programas tenebrosos, NSA e GHCQ acham tudo isso engraçado.

Uma nova leva de dados confidenciais obtidos por Edward Snowden foi publicada no site alemão Der Spiegel. Entre slides terrivelmente formatados, entupidos de clip arts e fontes de gosto pra lá de duvidoso (cursinho de PowerPoint já!), a maior parte das informações trata de coisas que já sabíamos: NSA, GCHQ e outras agências de espionagem têm muitas, muitas formas de monitorar e coletar quase qualquer coisa que elas quiserem.

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Elas também acham tudo isso bem engraçado.

Quando não estão ocupados tentando tornar a coleta passiva de dados “sexy para a geração digital” [PDF] ou brincando com o quão ruim você é em Angry Birds com apps móveis vazados e um programa chamado BADASS [PDF], eles fazem coisas como esta:

4th party

É a descrição de uma coleção do quarto partido, que o Der Spiegle descreve como um meio para monitorar ataques contra os EUA e, em troca, contra-atacá-los, como ao ouvir os futuros planos de hacking da China. É como beber do leite infestado de espiões deles. Espionagem internacional perigosa que poderia custar bilhões! Que engraçado! Definitivamente, uma ótima hora para fazer referência a Sangue Negro, de 2007.

Piadas à parte, outros documentos vazados não contêm tanta graça. Existe um detalhamento de como o GCHQ, agência de espionagem britânica, conseguia rastrear indivíduos com o UDID do iPhone, o que fez a Apple mudar sua política em relação a ele, ou como a NSA consegue danificar grids de energia se necessário de alvos fora da aliança Five Eyes (EUA, Austrália, Reino Unido, Canadá e Nova Zelândia). E por aí vai.

Todos esses documentos chegam a uma conclusão – estamos, sem sombra de dúvida, no meio de uma corrida armamentista digital. Como o Der Spiegel explica:

Durante o século XX, os cientistas desenvolveram as chamadas armas ABC – atômicas, biológicas e químicas [“chemical,” em inglês]. Décadas se passaram antes que seu desenvolvimento fosse regulado e, pelo menos parcialmente, banido. As novas armas digitais agora estão sendo desenvolvidas para a guerra na Internet. Mas quase não há convenções internacionais ou autoridades que supervisionem essas armas D, e a única lei que se aplica é à da sobrevivência do mais forte.

Não é exatamente o que eu chamaria de “uma boa piada”, ou mesmo de “piada”. [Der Spiegel]

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