Eu trabalho na Sony Pictures: eis o que o estúdio está fazendo após a invasão hacker

Um funcionário da Sony Pictures Entertainment nos conta como está o clima por lá, e o que os executivos do estúdio têm feito para amenizar a invasão.

À medida que o caso da invasão à Sony Pictures continua crescendo, estamos ouvindo o que alguns funcionários do estúdio têm a dizer. Ontem o FBI disse que o ataque derrubaria 90% das empresas; um dos funcionários da Sony nos conta, abaixo, como a Sony Pictures continua a negar ter culpa.

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Eu trabalho na Sony Pictures Entertainment. Eis o que os executivos do estúdio têm feito para amenizar o impacto da invasão entre os funcionários.

1) Toda comunicação entre os gerentes e o resto de nós tem sido cuidadosamente planejada de forma a enfatizar MUITO a inocência da Sony Pictures em relação à segurança. Não duvido que os hackers sejam talentosos e que eles teriam conseguido seus objetivos mesmo com uma ótima segurança mas, para alguns de nós, é um tanto incômodo que a gerência superior tente tão forçadamente negar qualquer potencial para desdobramentos judiciais. As palavras “ação civil” são sussurradas pelos corredores como se fossem a palavra “Voldemort”.

2) A Sony ofereceu a cada funcionário e seus dependentes, bem como a ex-funcionários (embora o alcance não seja claro) e seus dependentes, um ano de proteção contra roubo de identidade. A princípio era só para funcionários; depois, passados alguns dias, eles ofereceram uma cobertura aos dependentes e então, no começo da semana, mandaram um e-mail dizendo que ela também seria oferecida a “egressos”. Não está claro como eles planejam contatá-los. Soube de ex-funcionários que foram contatados via e-mail e redes sociais. A maioria das pessoas aqui achou legal essa iniciativa, embora ela nos faça voltar ao item 1: os mais céticos veem isso como uma forma de se livrar de ações judiciais.

3) Em uma reunião geral, perguntaram-nos se queríamos parar o lançamento do filme A Entrevista por motivos de segurança. Ninguém disse sim. Quando nos perguntaram se algum de nós achava que isso faria alguma diferença, ouvimos alguns poucos “não”. Às vezes, grupos de pessoas não querem parecer fracos, mas ali claramente estava sendo expressa uma opinião genuína. Por mais perturbadora que seja a possibilidade de que fomos invadidos a mando da Coreia do Norte, nenhum de nós acredita que a resposta seja ceder à pressão.

4) Acho que todos gostamos que Amy [Pascal, copresidente da Sony Pictures Entertainment] e Michael [Lynton, CEO] estejam se comunicando conosco com frequência, mas acaba que NINGUÉM nos dá respostas. Isso faz muitos acharem que ou eles não têm ideia do que está acontecendo, ou eles estão se protegendo. Ambas as opções são ruins. Hoje, alguns consultores do FBI estavam falando sobre proteção online, mas foi tudo bem genérico. Tudo o que nos foi dito foi bem genérico. É frustrante. Mais do que medo, a emoção que predomina na maioria das pessoas aqui é frustração. Entendo que Amy e Michael temem ações judiciais, mas eles quase pioram a situação ao nos manter desinformados.

* Este post foi escrito e enviado, anonimamente, por um funcionário da Sony Pictures Entertainment.

Foto por Valerie Macon, Getty Images

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