Reator de fusão nuclear na China atinge 50 milhões de graus durante 102 segundos
Experimentos em um reator de fusão na China atingiram um importante marco. Eles criaram plasma com temperatura de 50 milhões de graus Celsius – mais quente que o núcleo do nosso Sol – e sustentaram esse estado por mais de um minuto e meio.
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Os experimentos foram realizados no EAST (Tokamak Supercondutor Experimental Avançado), construído em 2007. Ele possui um reator em forma de anel onde fica o plasma incrivelmente quente.
Ao controlar campos magnéticos intensos de forma cuidadosa, é possível conter o plasma bem no centro do anel; as paredes da estrutura nunca são diretamente expostas às altas temperaturas do plasma.
A meta de longo prazo para reatores de fusão é gerar energia, portanto é essencial garantir que essas altas temperaturas possam ser sustentadas por muito tempo.
As reações precisam ocorrer por longos períodos, porque iniciá-las requer uma quantidade enorme de energia: se a reação parar muito cedo, ela consome mais energia do que gera – o resultado líquido é negativo.
Mas controlar este calor intenso é desafiador, porque ele provoca grandes instabilidades que são difíceis de confinar. Assim, realizar um experimento a essas temperaturas durante 102 segundos é um avanço bastante positivo.
Esta não é a temperatura mais quente já criada na Terra. O prêmio ainda pertence ao Grande Colisor de Hádrons, que conseguiu criar uma “sopa” de plasma de glúons e quarks subatômicos com uma temperatura estimada de 5 trilhões de graus Celsius. Isso é cerca de 250.000 vezes mais quente que o centro do Sol! Mas essas condições não duram nem por um segundo, e são inúteis para realmente gerar energia.
Na verdade, a maioria dos cientistas sugere que uma fusão nuclear estável precisa estar em torno de 100 milhões de graus – então ainda temos algum caminho a percorrer.
Este é mais um avanço na área da fusão nuclear. Na semana passada, o stellarator Wendelstein 7-X passou por testes bem-sucedidos no Instituto Max Planck na Alemanha, onde o combustível de hidrogênio foi usado pela primeira vez. Parece, no entanto, que levaremos no mínimo uma década até que a fusão seja realmente capaz de gerar eletricidade para nós.
[South China Morning Post via Tech Insider]
Imagem: Instituto de Física de Plasma/Academia Chinesa de Ciências