Este museu conta a história da viagem espacial desde sua origem militar

Hutchinson, no Kansas, não é o tipo de lugar onde você iria se não estivesse procurando pela cidade. A calma cidade de pradaria fica a uma boa hora de carro de distância ao sul da I-70, a estrada que a maioria dos viajantes usa para passar pelos 680 quilômetros de pasto e plantação de milho […]

Hutchinson, no Kansas, não é o tipo de lugar onde você iria se não estivesse procurando pela cidade. A calma cidade de pradaria fica a uma boa hora de carro de distância ao sul da I-70, a estrada que a maioria dos viajantes usa para passar pelos 680 quilômetros de pasto e plantação de milho do estado de Kansas o mais rápido possível. Mas assim que eu entrei no museu de telhado prateado, que fica ao lado de um autêntico veículo de lançamento Mercury-Redstone e um foguete Gemini-Titan II, eu descobri que as horas de direção iriam valer a pena. Afinal de contas, com que frequência você é recebido na porta por um avião espião Blackbird?

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Para fãs de viagem espacial e história militar, ficar embasbacado ao lado das mais potentes máquinas de voar já feitas, o Cosmosphere, casa da maior coleção internacional de artefatos espaciais da Guerra Fria, a coisa fica cada vez melhor. A entrada do museu guarda não só um SR-71 Blackbird de 1966, o ano que o famoso avião espião oficialmente entrou na frota da Força Aérea Americana, mas também uma réplica em escala do ônibus espacial Endeavour e os restos torcidos de uma câmera de motor de decolagem do foguete Saturn V, que levou os astronautas da Apolo 11 para a Lua. Ah, e um planetário, e um laboratório de demonstração ao vivo de ciência de foguetes. É um Disney World para nerds espaciais antes mesmo de você chegar nas exposições principais.

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Com uma viagem de carro de oito horas pelas Montanhas Rochosas na minha frente, eu decidi passar o show vespertino no planetário, um documentário sobre buracos negros narrado por Liam Neeson, e fui direto para o Hall of Space Museum, que nos dá um tour pela história da viagem espacial desde o começo, nos laboratórios clandestinos do Terceiro Reich.

Na era do turismo espacial comercial e missões para Plutão, é fácil esquecer que o interesse da humanidade na fronteira final veio de um desejo de matarmos uns aos outros. Na Cosmosphere, você vai ficar bem ciente do fato conforme andar através da infame história da Alemanha nazista de “armas de vingança”, os foguetes V1 e V2. Foram os mísseis de alta velocidade, desenvolvidos para aterrorizar cidades como Londres, que estabeleceram a base para a futura viagem espacial, incluindo os foguetes que levaram os humanos para a Lua.

“Muitas pessoas não sabem que foi do exército que surgiu o programa espacial.”

Foguetes não foram o bastante para fazer a Alemanha nazista vencer a guerra, mas nos anos após a rendição dos poderes do Eixo, a tecnologia aeroespacial continuou a dar saltos.

Do pó da Segunda Guerra, o museu lança os visitantes até a Guerra Fria, onde, novamente, a necessidade de aumentar o poder militar encadeou inovações nos foguetes, satélites e, eventualmente, voo espacial humano.

“Muitas pessoas não sabem que foi do exército que surgiu o programa espacial”, Jim Remar, chefe do Cosmosphere, me disse em uma entrevista por telefone. “Esses foguetes, de ambos os lados”, americanos e soviéticos, “estavam sendo desenvolvidos com objetivos militares”.

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Um modelo pronto para voar do Sputnik 1, o satélite soviético que virou o primeiro a alcançar a órbita, desmoralizando os americanos e começando uma corrida espacial de décadas, é apresentado ao lado de um modelo do Sputnik 2, a segunda nave em órbita e a primeira a levar uma criatura viva, a famosa cadela espacial Laika. É claro, os Estados Unidos não ficaram para trás durante muito tempo. A coleção está cheia de inovações espaciais antigas dos americanos, incluindo uma réplica do avião foguete Bell X-1, o primeiro avião tripulado a quebrar a barreira do som, e a espaçonave Gemini X, que lançou os astronautas John Young e Michael Collins ao redor da Terra 43 vezes em 1966. Tendo pensado muito sobre o considerável risco que os astronautas modernos correm ao se aventurarem fora da Terra, olhar as pequenas e primitivas cápsulas onde os primeiros pioneiros do espaço entravam por vontade própria para trazer glória aos seus países me dá arrepios.

Quando eu cheguei à galeria Apollo do museu, eu me senti como se tivesse absorvido seis meses de aula de universidade de conhecimento espacial sobre a história espacial mais antiga. Eu não parei lá. Trajes espaciais americanos gastos, uma rocha lunar coletada durante a missão Apollo 11 e o módulo de comando da Apolo 13 são apenas alguns dos artefatos mais famosos que estão em exposição, convidando os visitantes a apreciarem solenemente sua significância histórica enquanto pira por dentro (pelo menos esse foi eu. A turma de alunos de ensino fundamental que estava na minha frente parecia ter outra ideia).

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A partir do Apollo, a coleção chega a tempos mais modernos, com sua galeria final mostrando artefatos da era do Ônibus Espacial, a estação russa Mir, e a Estação Espacial Internacional. Olhando para frente, Remar diz, o museu gostaria de continuar expandindo sua coleção em novas tecnologias aeroespaciais, incluindo inovações comerciais da SpaceX e de outros, porque “é certamente a onda do futuro”.

“Eu acho que a exploração espacial do futuro será conduzida em parte pelo setor privado”, ele disse. “Museus como nós estão em posição de contar essa história”.

O Cosmosphere foi fundado como um pequeno planetário em 1962, pela entusiasta do espaço Patty Carey, que cresceu na cidade de Oklahoma antes de se casar e se mudar com seu marido para a cidade de Hutchinson. Achando que o centro dos EUA tinha pouco entretenimento espacial, ela transformou a antiga granja na fazenda de Hutchinson para compartilhar seu amor pelas estrelas com a comunidade. Em 1966, começaram a ganhar popularidade e se mudaram para seu lugar atual, nos campos do Hutchinson Community College, onde o local virou parte dos primeiros planetários associados a uma universidade comunitária do país.

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“Então, Patty começou a pensar sobre que outras oportunidades educacionais eles poderiam providenciar”, Remar disse. “Centros de educação científica e museus espaciais estavam começando a desenvolver em grandes áreas metropolitanas, mas não havia tantos no centro dos EUA.”

Eventualmente, por meio da parceria com o Smithsonian Air and Space Museum e a NASA, o Cosmosphere conseguiu diversos milhares de artefatos espaciais ao final da década de 1970, o bastante para começar o museu. Na década de 1980, ele começou a ganhar artefatos soviéticos também, colocando-o na posição de contar a história da corrida espacial na perspectiva dos dois países.

O Cosmosphere teve seus reveses ao longo dos anos, especialmente o escândalo no começo da década de 2000 quando um ex-diretor foi acusado de roubar artefatos preciosos. Mas, hoje, parece que ele está indo muito bem, e programas educacionais fazem mais de 10.000 crianças passarem por suas portas a cada ano.

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A minha única reclamação pessoal com a viagem ao Cosmosphere é que eu não tinha tempo o bastante para apreciar tudo. Depois de duas horas, foi hora de voltar para o meu carro alugado, tomando uma limonada de uma lanchonete local e enchendo o tanque para a longa viagem.

Eu poderia facilmente ter passado um dia inteiro lá.

Todas as imagens: Chris Davidson

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