Este ônibus movido a cocô de frango emite 70% menos poluentes que um a diesel
Não são apenas ovos que saem das granjas de aves poedeiras desse Brasilsão. Os dejetos também são recolhidos e vendidos para serem transformados em biometano, um gás que entre outras coisas pode servir para, como demonstram a Scania e a Itaipu Binacional, mover um ônibus.
Entre 31 de outubro e 26 de novembro, o primeiro ônibus movido a biometano da história circulou dentro de Itaipu, em Foz do Iguaçu (PR), transportando estudantes e funcionários da hidrelétrica. O ônibus, fabricado na Suécia, tem 15 metros de comprimento, dois eixos e capacidade para 120 passageiros. Ele atende a normativa Euro 6 e é considerado um dos mais modernos do mundo. Roda tanto com gás biometano, quanto GNV (ou ambos misturados) e, em relação a um convencional, movido a diesel, emite 70% menos poluentes na atmosfera e tem um custo operacional 56% menor. E ainda dá um fim digno ao cocô dos frangos, né?
A iniciativa, que conta ainda com outros parceiros como o Centro Internacional de Energias Renováveis-Biogás (CIBiogás-ER), a Fundação Parque Tecnológico Itaipu (FPTI) e a Granja Haacke, de Santa Helena (PR), responsável por fornecer a “matéria-prima” para o biocombustível, visa promover a tecnologia para o uso nos centros urbanos – afinal, os ganhos parecem bem sensacionais para serem ignorados. Como a integração do biometano à matriz de combustíveis do Brasil está em processo de regulamentação, com a Agência Nacional do Petróleo (ANP) fazendo consultas públicas sobre o tema, o momento é propício.
O ônibus, que já deu rolê no México, na Colômbia e, no Brasil, em Foz do Iguaçu, continuará sua turnê nacional. Na sequência, vai ao Rio Grande do Sul, depois São Paulo e Rio de Janeiro – e outros estados podem entrar na rota, basta demonstrarem interesse e conversarem certinho com a Scania e a Itaipu Binacional.
E sabe o mais legal? Além de toda a economia, o uso do biometano não afeta o desempenho do busão. Miguel Morales Gomes, master driver da Scania e responsável por conduzir o ônibus para todos esses cantos, disse não ter sentido diferença na direção em relação ao GNV, derivado do petróleo, combustível usado no México e na Colômbia: “A diferença é zero tanto em topografias de subidas quanto de descidas. Foram feitos testes em diversas condições, justamente para provar que a performance desse ônibus Scania movido a biometano é ótima.”