Anatel promete que 300 mil orelhões se tornarão hotspots Wi-Fi até as Olimpíadas

Qual foi a última vez que você usou um orelhão? Eu não me lembro exatamente, mas imagino que tenha sido em 2010, porque dividia a casa com amigos e era a única forma de telefonar com mais privacidade (sem pagar caro no celular). É uma situação meio maluca, mas que já acabou. E com certeza […]

Qual foi a última vez que você usou um orelhão? Eu não me lembro exatamente, mas imagino que tenha sido em 2010, porque dividia a casa com amigos e era a única forma de telefonar com mais privacidade (sem pagar caro no celular). É uma situação meio maluca, mas que já acabou.

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E com certeza não sou o único que parou de usá-los. O que fazer com tantos orelhões subutilizados? A Anatel propõe – mais uma vez – transformá-los em hotspots Wi-Fi.

João Rezende, presidente da Anatel, disse esta semana que 300 mil orelhões no país serão modernizados para oferecer Wi-Fi – atualmente, existem quase um milhão de orelhões no país. Só que o acesso não será necessariamente gratuito; e não é a primeira vez que a agência promete isto.

Em julho do ano passado, a Anatel abriu consulta pública sobre a revitalização dos orelhões. A agência tinha a ideia de oferecer Wi-Fi, serviços de lista telefônica e até GPS. O serviço seria pago e a cobrança, liberada por meio de senha, seria feita por cartão de crédito ou até moedas. Na época, Emília Curi, conselheira da Anatel, disse à Veja: “queremos dar início esse ano ainda”.

Então em outubro, a Oi instalou orelhões com Wi-Fi em Florianópolis, que oferecem sinal a até 50 m de distância. Pelo acordo da operadora com a prefeitura da cidade, cada orelhão dá 15 minutos de acesso gratuito, mais acesso ilimitado a sites do governo e da justiça (.gov e .jus). Em troca, a Oi pode ganhar dinheiro com as propagandas que colocar no orelhão.

O serviço também está em fase de testes no Rio de Janeiro. Em 2011, a Oi tentou – mas não conseguiu – oferecer Wi-Fi gratuito na cidade. Os moradores de Ipanema acharam que os novos orelhões eram muito “feios”, e a prefeitura pediu que fossem retirados.

Mas os orelhões com Wi-Fi vão demorar a se difundir. É um processo longo: uma nova consulta pública será aberta apenas em março de 2014. Rezende diz à Folha que “ainda é preciso estudar um método de tarifação”, pois o Wi-Fi pode não ser gratuito.

A decisão será incluída no novo contrato de concessão de telefonia fixa, previsto para 2015. E os novos orelhões só devem entrar em funcionamento entre 2015 e 2016, pouco antes das Olimpíadas.

Por mais que demore, é uma ideia bacana. O acesso à internet precisa se tornar cada vez mais onipresente, e só as redes 3G/4G não aguentam a demanda. Usar o orelhão para essa finalidade é algo esperto; cidades como Nova York testam um projeto semelhante.

No entanto, nem todos os orelhões sobreviverão: a Anatel pretende desativar 400 mil deles em todo o país. Hoje, a agência exige que toda cidade deve ter o mínimo de quatro telefones públicos para cada mil habitantes. Isso é muito, e leva a situações indesejadas: ano passado, a Oi instalou nove orelhões em um matagal para cumprir a regra.

Mas e onde os orelhões ainda são muito importantes, como em áreas isoladas e cidades pequenas? Calma: a Anatel vai manter 300 mil deles do jeito que estão. No fim, os orelhões talvez nunca acabem, porém se tornarão mais úteis – e, quem sabe, mais bonitinhos. [Folha e Valor; valeu, Fabricio!]

Foto por Francisco Martins/Flickr

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