Mulher transexual processa a Amazon por discriminação
De acordo com uma nova ação judicial, um casal americano lidou com persistentes e cruéis abusos em uma das instalações de entrega da Amazon, cujo RH não fez nada para impedir. O caso é notório pois, segundo o advogado do casal, a empresa tem um grande histórico de apoio as causas da comunidade LGBT.
• Bem a tempo, a Amazon patenteia método para evitar comparações de preço dentro de lojas
• Parece que o Google demitiu o autor do memorando anti-diversidade
O Fundo de Educação e Defesa Legal para Transgêneros (TLDEF) registrou uma ação judicial em nome de dois antigos funcionários da Amazon que afirmam ter lidado com assédio sexual e discriminação durante o período em que trabalharam na empresa. Alegra Schawe-Lane e seu marido, Dane Lane alegam terem sido tratados de maneira na instalação de entregas da Amazon na cidade de Hebron, no estado de Kentucky, de outubro de 2014 a outubro de 2015. Os abusos tiveram início assim que a equipe de trabalho descobriu que Allegra é uma mulher transexual. O casal descreve ter registrado dúzias de reclamações com a gerência e o departamento de recursos humanos da Amazon pessoalmente, por escrito e pelo central de atendimento telefônico da companhia – mas a empresa não investigou o caso ou tomou alguma atitude. O casal também afirma que sofreram retaliações por registrarem reclamações.
De acordo com o processo, gerente, supervisores e colegas de trabalho intencionalmente se referiam a Allegra por pronomes masculinos e a insultavam.
Ainda segundo o processo, um funcionário assediou sexualmente ambos em diversas ocasiões, chegando a levar pornografia e brinquedos sexuais para os dois, além de propor sexo com o casal.
Empregados também eram hostis ao fato de Allegra usar o banheiro feminino e tentaram por diversas vezes espiar sua genitália enquanto ela usava o toalete.
Allegra ainda afirma que seus superiores intencionalmente lhe davam funções mais pesadas que as dos seus colegas – incluindo tarefas como levantar caixas cheias de livros durante todo o turno de trabalho, mesmo ela tendo um atestado médico recomendando que evitasse trabalhos pesados – e não permitiam que ela visitasse a enfermaria.
“Eu e meu marido Dane éramos dedicados ao nosso trabalho. E em retorno fomos tratados hediondamente por nossos colegas e superiores, simplesmente pelo fato de eu ser uma mulher”, diz Allegra em nota divulgada pelo TLDEF. “O trauma que sofremos nos impacta negativamente até hoje, criando sérios problemas de saúde e nos deixando sem dinheiro para pagar por tratamentos que precisamos desesperadamente”.
O casal também acredita que os freios do carro deles foi danificado no estacionamento da Amazon – eles notaram que o breque não funcionava ao fim de um turno de trabalho e um mecânico confirmou que a fiação fora intencionalmente cortada. Achava que estaríamos seguros e seriamos aceitos. Mas tudo parecia um pesadelo. Todo dia esperava que fosse uma pegadinha e alguém surgisse do nada dizendo que tudo não passava de uma piada”, disse Allegra ao The Guardian.
O processo pede por compensação monetária para o casal, além de obrigar a Amazon a implementar programas que eduquem seus funcionários sobre trabalhadores transgêneros. A empresa não retornou ao nosso pedido para comentar este caso, mas atualizaremos a história com a resposta.
Imagem: Jillian Weiss/AP