A Valve cansou da flutuação da bitcoin e não vai mais aceitar a moeda no Steam
A Steam, plataforma de distribuição digital da Valve que praticamente detém o monopólio da indústria de jogos de PC, parou de aceitar bitcoins como forma de pagamento devido à volatilidade e às taxas de processamento inaceitáveis da moeda.
Em uma publicação em seu blog nesta quarta-feira (6), a Steam escreveu que “nos últimos meses vimos um aumento na volatilidade do valor da Bitcoin e um aumento significativo nas taxas de processamento de transações na rede de Bitcoin”.
O motivo de tudo isso tem a ver com a forma como o protocolo da Bitcoin funciona; o número de bitcoins é controlado por meio de computadores que os geram por meio das chamadas operações de mineração, que basicamente são problemas matemáticos complexos. Isso segura o crescimento do número de bitcoins existentes, mas enquanto o valor da moeda sobe de forma vertiginosa, os mineradores passam a dedicar mais e mais processamento computacional para competir por novas moedas, exigindo grandes quantidades de energia elétrica e tempo. O frenesi especulativo acabou criando um atraso enorme na velocidade já inerentemente limitada das transações na rede Bitcoin e aumentou as taxas de processamento.
O resultado é que, ao mesmo tempo em que o Bitcoin precisa de uma adoção generalizada para ser mais do que um investimento puramente especulativo, está se tornando muito difícil e frustrante para os varejistas usarem. De acordo com a Valve, as taxas de transações explodiram, saindo do valor original de US$ 0,20 para aproximadamente US$ 20, um aumento de 100 vezes, no período de um ano. E, uma vez que essas transações geralmente estão atrasadas, a flutuação do valor da Bitcoin causa grandes problemas:
Ao finalizar a compra na Steam, um consumidor irá transferir uma quantidade X de bitcoin pelo custo do jogo, mais uma quantia Y de bitcoin para cobrar a taxa de transação cobrada pela rede Bitcoin. O valor da bitcoin só é garantido por um certo período de tempo, então se a transação não se completar durante essa janela de tempo, a quantidade de bitcoins necessárias para cobrir a transação pode mudar. A quantidade dessa mudança aumentou recentemente, até um ponto em que um valor pode ser significativamente diferente do outro.
Não existe uma boa solução do serviço ao cliente para esse problema, acrescentou a Valve, porque se houver um desequilíbrio nos pagamentos, o mesmo problema pode se repetir, e os usuários podem ser atingidos com taxas de transação adicionais.
“Neste momento, se tornou insustentável oferecer o Bitcoin como uma opção de pagamento”, concluiu a Valve. “Talvez façamos uma reavaliação para entender se o Bitcoin fará sentido para nós e para a comunidade da Steam no futuro.”
O Bitcoin passou da marca dos US$ 14 mil neste semana, o que significa que, se a Valve tiver recebido muitos pagamentos na moeda, provavelmente tem um bom caixa agora. Mas a Valve está no negócio de distribuição de jogos, e não no negócio de especulação de criptomoedas. Além disso, foi uma das maiores varejistas entre as poucas grandes que aceitaram bitcoins. A batida em retirada da Steam desse mercado é um outro golpe na baixa utilidade da moeda, além, é claro, do investimento especulativo, acúmulo e alguns esquemas fraudulentos.
Conforme a bolha cresce, o Bitcoin enfrenta problemas regulatórios também. Diversos países como China, Coreia do Sul e Rússia começaram a pressionar o setor. Nos Estados Unidos, a Comissão de Títulos e Câmbio dos Estados Unidos já sinalizou um ceticismo cada vez maior sobre as criptomoedas no geral, enquanto o Internal Revenue Service (serviço de receita de lá) já está preparando uma estratégia para barrar as pessoas que estão utilizando a moeda digital para sonegar impostos.
Imagem do topo: AP