Mark Zuckerberg recusa convite para testemunhar no Reino Unido

A Câmara dos Comuns do Reino Unido pediu ao CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, na semana passada, que voasse até Londres e enfrentasse perguntas sobre a maneira como a empresa lida com dados privados de usuários. O Facebook enviou apenas uma carta de volta nesta manhã. A resposta de Zuck? Obrigado, mas não, valeu. Vamos […]

A Câmara dos Comuns do Reino Unido pediu ao CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, na semana passada, que voasse até Londres e enfrentasse perguntas sobre a maneira como a empresa lida com dados privados de usuários. O Facebook enviou apenas uma carta de volta nesta manhã. A resposta de Zuck? Obrigado, mas não, valeu. Vamos enviar um representante.

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Porém, os legisladores britânicos não vão desistir tão fácil. Eles até ofereceram algumas alternativas úteis para Zuckerberg. Talvez ele possa usar a tecnologia do século 21 para testemunhar por meio de um link de vídeo, disseram os britânicos. Agora, por que é que Zuck não pensou nisso?

A carta original do Reino Unido em 20 de março foi endereçada diretamente a Mark Zuckerberg e pedia que um “alto executivo do Facebook” respondesse pela enorme quebra de confiança da empresa.

“Dado seu comprometimento no início do Ano Novo em ‘consertar’ o Facebook, espero que esse representante (a testemunhar) seja você”, dizia a carta de um membro do Parlamento Britânico.

Mas o Facebook não vai enviar Zuckerberg. Pelo menos não voluntariamente.

“O Sr. Zuckerberg pediu pessoalmente que um de seus representantes se disponibilize para oferecer evidências pessoalmente ao Comitê”, diz a carta de hoje do Facebook.

Em vez de Zuckerberg, a empresa está oferecendo Mike Schroepfer, chefe de tecnologia do Facebook, e Chris Cox, chefe de produtos da empresa.

Mas os britânicos não estão convencidos. Aliás, eles disseram que a carta que receberam de volta estava um pouco confusa.

“Ainda gostaríamos de ouvir do Sr. Zuckerberg também”, disse Damian Collins, autor da carta original e membro da Câmara dos Comuns do Reino Unido.

“Vamos buscar esclarecer com o Facebook se ele [Mark] está disponível para oferecer provas ou não, já que isso não ficou claro em nossa correspondência, e se ele estiver disponível para dar provas, então ficaremos felizes em fazer isso pessoalmente ou por link de vídeo”, prosseguiu Collins.

Neste mês, foi revelado que a Cambridge Analytica havia obtido dados de usuários de mais de 50 milhões de pessoas no Facebook, usando-os para influenciar a eleição presidencial dos EUA de 2016 em favor de Donald Trump. Mas o Reino Unido está mais preocupado com a maneira como o Facebook influenciou sua própria situação política, incluindo o Brexit. Autoridades britânicas obtiveram um mandado de busca e entraram no escritório da Cambridge Analytica em Londres, na sexta-feira passada (23).

A nova carta do Facebook também estabeleceu uma explicação em seis pontos sobre o que a empresa está fazendo durante sua crise atual, um dos quais é “encorajar as pessoas a administrarem os apps que usam”, o que soa como passar a culpa para os usuários em vez de resolver o fato de que o Facebook lidou de maneira equivocada com seus próprios dados.

Os seis pontos das ações que o Facebook diz que vai trabalhar:

1. Revisar nossa plataforma. Vamos investigar todos os apps que tinham acesso a grandes quantidades de informação antes de mudarmos nossa plataforma em 2014 para reduzir o acesso a dados, e vamos conduzir uma auditoria completa de qualquer app com atividades suspetas. Se descobrirmos desenvolvedores que usaram inapropriadamente informações pessoais identificáveis, vamos bani-los de nossa plataforma.

2. Dizer às pessoas sobre o uso inapropriado de dados. Diremos às pessoas afetadas pelos apps que usaram inapropriadament seus dados. Isso inclui construir uma maneira de as pessoas saberem se seus dados podem ter sido acessados por meio do “thisisyourdigitallife”. Mais pra frente, se removermos um app por uso inadequado de dados, vamos contar todo mundo que os usou.

3. Desligar o acesso a apps inutilizados. Se alguém não usou um app nos últimos três meses, vamos desligar o acesso do app à suas informações.

4. Restringir dados de login do Facebook. Estamos mudando o Login, para que, na próxima versão, reduzamos os dados que um app pode pedir sem revisão de app, incluindo apenas nome, foto de perfil e endereço de email. A solicitação de outros dados exigirá nossa aprovação.

5. Encorajar as pessoas a administrarem os apps que usam. Já mostramos às pessoas quais os apps aos quais suas contas estão conectadas e controlamos quais dados eles permitiram que esses apps usassem. Daqui pra frente, vamos tornar essas escolhas mais visíveis e fáceis de administrar.

6. Recompensar pessoas que encontram vulnerabilidades. Nas próximas semanas, vamos expandir nosso programa de recompensas de busca de bugs para que as pessoas possam também denunciar se encontrarem usos inapropriados de dados por desenvolvedores de apps.

Tudo isso parece muito bom, mas certamente foi besta da parte de Zuck não pensar em testemunhar por meio de vídeo. Aposto que ele está muito grato pelos legisladores britânicos terem pensado em uma solução tão simples. Agora, só precisamos ver se o CEO do Facebook vai aceitar a recomendação.

[ABC News and New York Times]

Imagem do topo: Getty

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