Engenheiros do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA e da empresa norte-americana AeroVironment estão investigando a causa do acidente do primeiro veículo aéreo operado em outro planeta, o Ingenuity, em 18 de janeiro de 2024. Eles apresentaram suas conclusões no evento anual American Geophysical Union Meeting.
Em seu último voo, o helicóptero subiu 12 metros de altura, pairando no lugar onde tirou fotos do solo arenoso de Marte. Após 19 segundos de voo, ele começou a descer. Então, 13 segundos depois, chegou à superfície com danos em seus rotores. Hoje, a pequena aeronave não é mais móvel, mas continua enviando atualizações semanais sobre o clima e aviônicos, relevantes para projetos futuros.
De acordo com a NASA, esta é a primeira investigação de acidente de aeronave fora da Terra. A análise detectou um problema com o sistema de navegação, que pode ter fornecido dados imprecisos.
Isso provavelmente se deve à falta de características para rastrear no solo, que impediu a identificação de uma posição precisa pelo sistema. Descendo em alta velocidade, ele teve um forte impacto em uma ondulação de areia, que o fez inclinar e rolar.
“Ao conduzir uma investigação de acidente a 160 milhões de km de distância, você não tem nenhuma caixa-preta ou testemunha ocular”, disse o primeiro piloto do Ingenuity, Håvard Grip, em uma declaração. “Embora vários cenários sejam viáveis com os dados disponíveis, temos um que acreditamos ser o mais provável: a falta de textura da superfície deu ao sistema de navegação muito pouca informação para trabalhar.”
Na prática, o sistema de navegação do helicóptero foi projetado para rastrear recursos visuais na superfície usando uma câmera que analisa o terreno ao redor. Porém, como ele estava em uma região cheia de ondulações íngremes e relativamente sem características, o sistema de navegação não conseguiu encontrar recursos de superfície suficientes para rastrear e fazer um pouso suave.
Segundo imagens, o helicóptero deve ter pousado com uma velocidade excessiva lateralmente. O impacto deve ter feito que ele rolasse, quebrando os rotores em seus pontos mais fracos.
Foto do Ingenuity cerca de cinco semanas após o seu último voo. Imagem: NASA/Divulgação
Helicóptero marciano durou mais tempo do que o esperado
Projetado com materiais baratos, o Ingenuity deveria funcionar apenas para cinco voos em um período de 30 dias. No entanto, trabalhou por quase três anos, fazendo 72 voos e voando 30 vezes mais longe do que o planejado, bem como mais rápido e mais alto.
“Como o Ingenuity foi projetado para ser acessível, mas ao mesmo tempo exigir enormes quantidades de poder computacional, nos tornamos a primeira missão a voar processadores comerciais de celulares prontos para uso no espaço profundo”, disse Teddy Tzanetos, gerente de projeto do Ingenuity. “Estamos agora nos aproximando de quatro anos de operações contínuas, sugerindo que nem tudo precisa ser maior, mais pesado e resistente à radiação para funcionar no ambiente hostil de Marte.”
Por fim, Tzanetos ainda apresentou detalhes sobre um possível sucessor do Ingenuity, o rotorcraft “Mars Chopper”. A ideia é que ele seja capaz de transportar vários quilos de equipamento científico e viajar até três quilômetros em um dia.
Jornalista formada pela Unesp. Com passagem pelo site de turismo Mundo Viajar, já escreveu sobre cultura, celebridades, meio ambiente e de tudo um pouco. É entusiasta de moda, música e temas relacionados à mulher.
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