Ciência

4 coisas que a missão Chandrayaan-3 ensinou aos cientistas

Duas semanas de exploração da Chandrayaan-3 no pólo sul da Lua, já forneceram informações sobre o solo, densidade atmosférica e tremores
Imagem: Wikimedia Commons/ Reprodução

Você deve ter acompanhado aqui no Giz. No começo de julho (13) a Índia lançou a missão não tripulada Chandrayaan-3 para a Lua. Pouco mais de um mês depois, a espaçonave indiana realizou algo inédito e conseguiu pousar no pólo sul lunar.

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Depois do sucesso, a ISRO (Organização Indiana de Pesquisa Espacial) já começou a explorar o satélite natural. Agora, a espaçonave entrou em modo suspensão até 22 de setembro. 

No entanto, em apenas duas semanas, a missão Chandrayaan-3 já fez algumas descobertas surpreendentes sobre a composição da Lua.

Um artigo publicado na Nature resumiu quatro delas.

Íons e elétrons giram perto do pólo sul da Lua

Segundo a ISRO, há uma mistura de íons e elétrons na camada de plasma eletricamente carregada que cerca a superfície lunar perto do pólo sul. Ela tem cerca de 100 quilômetros de espessura.

As medições revelaram que a densidade desse plasma varia à medida que o dia lunar avança, mas é maior que a atmosfera superior da Terra. São cerca de 5 a 30 milhões de elétrons  por metro cúbico, enquanto na Terra o valor chega a um milhão de elétrons por centímetro cúbico.  

Em geral, quanto maior a densidade de elétrons, mais tempo os sinais de rádio levariam para atravessar a ionosfera. Na prática, isso significa que essa camada afetaria os sistemas de comunicação e navegação se os seres humanos habitassem a Lua. 

No entanto, como o plasma é escasso, os atrasos seriam “mínimos”. Dessa forma, não representariam um problema para a transmissão.

Variações de temperatura com a profundidade

A temperatura na superfície é significativamente mais quente do que o registrado pela Lunar Reconnaissance Orbiter, da NASA, em 2009.

Contudo, durante o dia, a temperatura a 8 centímetros de profundidade no solo da Lua é de cerca de 60 ºC menor do que na superfície. sso é semelhante ao efeito sentido ao visitar uma praia em um dia quente – cave apenas alguns centímetros e a areia é muito mais fresca.

Tremores lunares

Em geral, tremores pequenos e ajustes tectônicos são comuns na Lua, porque estão relacionados às forças de maré. Contudo, entre as muitas vibrações registradas pela sonda da Chandrayaan-3, uma chamou atenção.

Segundo o geoquímico planetário Marc Norman, da Universidade Nacional Australiana, em Canberra, o sismógrafo “parece ter registrado um evento sísmico muito pequeno que voltou ao fundo em cerca de 4 segundos”. 

Os cientistas da ISRO suspeitam que tenha sido um pequeno terremoto lunar ou o impacto de um meteorito pequeno.

Há enxofre na superfície lunar

Os testes confirmam a presença de enxofre na superfície lunar perto do polo sul. Além disso, também há alumínio, silício, cálcio e ferro, entre outros elementos.

Essa informação é importante porque o enxofre é um elemento-chave de rochas derretidas. Uma das teorias sobre a Lua é a de que ela estava coberta por uma espessa camada de rocha derretida quente, que cristalizou para formar a superfície lunar.

Agora, descobrir a concentração de enxofre pode fornecer evidências desse processo. No entanto, também é possível que o enxofre tenha vindo de asteroides que bombardeiam a superfície lunar.

Ainda há muito o que descobrir sobre a Lua, mas a Índia já deu o próximo passo: outra sonda foi lançada no início de setembro. A Aditya-L1 tem como objetivo explorar nada mais, nada menos que o Sol.

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Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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