4 previsões para o clima e transição climática em 2023
O mundo está cada vez mais quente e as consequências do acúmulo de gases de efeito estufa já batem às portas. Em 2023, com as temperaturas globais acima de 1,1ºC desde os níveis pré-industriais, podemos esperar muitas inundações, secas, incêndios e ondas de calor no Brasil e no mundo.
A previsão é que o fenômeno La Niña continue pelo menos até agosto deste ano, segundo relatório da OMM (Organização Meteorológica Mundial). Trata-se de algo raro: o fenômeno começou em setembro de 2020 e já é o primeiro “mergulho triplo” do século.
Além disso, a expectativa é que carros elétricos e híbridos ganhem popularidade, assim como a produção de hidrogênio verde. A seguir, confira quatro previsões sobre o clima e as mudanças climáticas em 2023.
La Niña continua
Diferente do fenômeno El Niño, a La Niña traz a diminuição da temperatura das águas do Oceano Pacífico, em especial na região Equatorial. A consequência é que o clima fica mais estável e com menos chuvas perto dessa região, ao mesmo tempo em que a umidade do ar se dissipa para outras localidades, o que pode causar precipitações inesperadas.
No Brasil, o mais comum é ver mais chuvas nas regiões Norte e Nordeste e períodos de estiagens mais longas no Sul.
Na previsão da OMM, o fenômeno segue até agosto. Depois, é difícil precisar. Se o ciclo for sucedido por um período neutro, a tendência é que as temperaturas médias globais aumentem ligeiramente.
Agora, se depois da La Niña vier um El Niño, que aumenta a temperatura das águas do oceano, podemos nos preparar para dias cada vez mais quentes. É provável que a Terra fique 1,5ºC mais quente – a meta do Acordo de Paris, o que está longe de ser motivo para comemorar. O acordo quer limitar o aquecimento do planeta de 1,5ºC a 2ºC até 2100.
Se a Terra ficar mais quente tão rápido, precisará de uma redução drástica no uso de combustíveis fósseis para ontem. Essa é uma decisão difícil de ser tomada porque bate em gente grande do mercado: os bilionários produtores de petróleo.
Além disso, as tecnologias de energias renováveis e carros elétricos, por exemplo, ainda não dão conta de suprir toda a demanda energética que depende dos combustíveis fósseis.
O mais provável é que, em breve, carros de passeio e trens sejam 100% elétricos, enquanto aviões e transporte marítimo continuem apoiados na queima de carbono, apontou uma análise da Economist.
Fique de olho
A COP28 acontece em novembro de 2023 nos Emirados Árabes Unidos. É um cenário bastante controverso, visto que lá estão alguns dos maiores produtores de gás e petróleo do mundo.
Hidrogênio verde
O hidrogênio verde é a promessa para 2023. A ideia é usar o gás para substituir os combustíveis fósseis em indústrias pesadas, como nas siderúrgicas.
Mais comum que qualquer outro elemento na natureza, o hidrogênio é usado como combustível, mas depende de muita energia para se separar da água. No hidrogênio verde, os produtores priorizam fontes de energia limpa para fazer a separação, como eólica e solar.
Só em 2022, 25 países investiram US$ 73 bilhões (ou R$ 385 bi no câmbio atual) em hidrogênio verde. É um salto sem precedentes: em 2021, o mercado global valia só US$ 1 bilhão. Essa tendência deve continuar em 2023.
O Brasil está de olho neste mercado. Hoje a capacidade brasileira de hidrogênio verde é de 180 GW (gigawatts). O gás já está em uso por aqui para fins industriais, especialmente no refino do petróleo e na produção de fertilizantes.
Mas a ideia é duplicar a produção – o que alavancaria o país para o protagonismo global no setor. Com um incentivo a mais, o hidrogênio verde pode servir ao transporte (ônibus, aviões e caminhões), na produção de aço e até em casas e prédios como energia adicional – inclusive para exportação.
Pactos por combustível
Já é impossível viver em um mundo sem energia. Outra previsão da revista Economist apontou que a maioria dos países buscará por dois acordos em 2023.
O primeiro inclui investimentos em combustíveis fósseis em troca de segurança. O segundo, mais a longo prazo, prioriza uma política industrial para acelerar a produção de energias renováveis.
Mais carros elétricos e híbridos
Apesar dos carros elétricos ainda serem bastante caros – especialmente no Brasil – não deve demorar muito para que a adesão desses veículos se popularize.
Em 2023, a indústria deve ficar de olho em aprimorar baterias, motores e tecnologias para além dos veículos de passageiros, aponta um relatório de tendências da Forbes.