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Mais de 600 funcionários do Google estão exigindo o fim do projeto de busca censurada para a China

O Dragonfly, projeto controverso do Google para criar um produto de buscas censuradas para a China, já gerou duas cartas separadas dos funcionários da empresa, argumentando a favor e contra o programa. Até esta sexta-feira (30), no entanto, uma carta se opondo ao projeto coletou mais de 600 assinaturas, ofuscando os supostos números de um […]

Virginia Mayo/AP

O Dragonfly, projeto controverso do Google para criar um produto de buscas censuradas para a China, já gerou duas cartas separadas dos funcionários da empresa, argumentando a favor e contra o programa. Até esta sexta-feira (30), no entanto, uma carta se opondo ao projeto coletou mais de 600 assinaturas, ofuscando os supostos números de um texto diferente defendendo o Dragonfly.

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Verge noticiou na quinta-feira (29) que a carta aberta pedindo para o Google acabar com o projeto havia coletado mais de 400 nomes, mas esse número rapidamente cresceu ao longo do dia. Em comparação, uma carta interna a favor do projeto obtida pelo TechCrunch havia reunido 500 assinaturas até o momento em que a reportagem do site foi publicada, na quarta-feira (28), apesar de estar “em circulação há várias semanas”.

Os funcionários que criticaram o projeto na carta publicada no Medium nesta semana se alinharam com grupos de direitos humanos que levantaram preocupações sobre a censura e a vigilância do projeto, bem como a potencial implicação de sua adoção.

“Nossa oposição ao Dragonfly não é sobre a China: nós nos opomos a tecnologias que ajudem os poderosos a oprimir os vulneráveis, onde quer que eles estejam”, escreveram os empregados do Google. “O governo chinês certamente não é o único em sua prontidão para sufocar a liberdade de expressão e usar a vigilância para reprimir a dissidência. O Dragonfly na China estabeleceria um perigoso precedente em um momento político volátil, um precedente que dificultaria para o Google negar concessões parecidas a outros países.”

Reforçando o ponto dos funcionários, o Intercept publicou na quinta-feira (29) que o Google havia excluído as equipes de privacidade e segurança de seu envolvimento com o projeto, com o ex-engenheiro de segurança do Google Yonatan Zunger dizendo ao site que Scott Beaumont, uma das figuras centrais do projeto, “não achava que as equipes de segurança, privacidade e jurídica devessem poder questionar suas decisões de produto, mantendo uma relação abertamente adversária com elas — algo incomum para a norma do Google”. Beaumont é o chefe das operações da empresa na China. De acordo com o Intercept:

A liderança do Google considerou o Dragonfly tão sensível que muitas vezes se comunicava apenas verbalmente sobre ele e não se tomava notas escritas durante reuniões de alto nível para reduzir vestígios, disseram duas fontes. Apenas algumas centenas dos 88 mil funcionários do Google foram informados sobre o plano de censura. Alguns engenheiros e outros funcionários que souberam do projeto foram informados de que arriscariam perder o emprego se ousassem discuti-lo com colegas que não estavam trabalhando no Dragonfly.

“Eles (a liderança) estavam determinados a evitar que vazamentos sobre o Dragonfly se espalhassem pela empresa”, disse um funcionário atual do Google com conhecimento do projeto. “Seu maior medo era que a oposição interna desacelerasse nossas operações.”

Na esteira da reportagem do Intercept, a engenheira do Google Liz Fong-Jones convocou uma paralisação em massa caso o projeto seja aprovado sem a supervisão das equipes de privacidade e segurança da companhia. Oferecendo-se para igualar os US$ 100 mil para fundos de uma possível greve ou de demissões em massa, Fong-Jones arrecadou mais de US$ 200 mil em questão de horas.

[The Verge]

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