65% da população LGBT teme andar de mãos dadas por violência no Brasil, diz estudo

Por causa da violência, 63% das pessoas LGBT não frequentam determinados locais para evitar agressões. Veja mais números da pesquisa divulgada nesta semana pela Opinion Box
65% da população LGBT teme andar de mãos dadas por violência no Brasil, diz estudo
Imagem: Cecília Bastos/USP Imagens

Até 65% das pessoas LGBTQIA+, grupo formado por gays, lésbicas e outros gêneros dos não heterossexuais, têm medo de andar na rua de mãos dadas com o parceiro por causa da violência contra essa população no Brasil. 

O índice está em uma pesquisa da Opinion Box, divulgada na quinta-feira (1º). O levantamento entrevistou 371 pessoas que se identificam com o grupo no mês de maio, em alusão ao mês do Orgulho LGBT, comemorado neste mês de junho. 

Além da apreensão em demonstrar carinho, como andar de mãos dadas, em ambientes públicos, 63% dos entrevistados disseram que não frequentam determinados locais para evitar agressões. E até 53% concordam que o Brasil é um país homofóbico. 

Entre os entrevistados, 45% relataram que já sofreram algum tipo de agressão verbal por causa da sexualidade. Entre esses, a maioria dos casos (50%) foi na rua ou outro local público. Outros 28% disseram passar pelo constrangimento na escola ou universidade e 20% na casa de familiares. 

Pelo menos 27% dos participantes disseram já ter sofrido alguma agressão física. Nesse recorte, 39% das ofensivas foram em locais públicos e 20% em festas ou eventos. No âmbito familiar, 15% relataram alguma violência na própria casa. 

O medo não é injustificado. Só em 2022, 273 pessoas LGBTQIA+ foram mortas de forma violenta no Brasil, como mostra este dossiê. O índice equivale a um LGBT morto a cada 32 horas. A grande maioria (159) eram travestis e transsexuais, seguido de homens gays (96). Em 228 casos, a causa da morte foi assassinato. 

Mas não é só a violência. Segundo o Observatório de Mortes e Violência LGBT no Brasil, a taxa de empregabilidade é menor nessa comunidade, enquanto há mais estigmatização, discriminação e dificuldade em acessar serviços de saúde.

Mês do Orgulho 

Apesar do panorama de violência no Brasil, 63% dos entrevistados na pesquisa dizem que sentem orgulho da própria identidade de gênero e orientação sexual. Entre a população de 16 a 29 anos, a admiração por si nesse sentido chega a 74%. 

O país também avançou juridicamente em uma tentativa de proteger essa população. Desde 2019, o STF (Supremo Tribunal Federal) equiparou a má conduta contra pessoas LGBTQIA+ ao crime de racismo. Isso significa que atos contra os direitos fundamentais dessa comunidade são passíveis de prisão, sendo o crime inafiançável e imprescritível. 

Em maio, o governo federal anunciou que a nova CIN (Carteira de Identidade Nacional), não deve incluir o sexo e nem fazer distinção do nome social para o nome do registro civil dos brasileiros. 

Junho foi escolhido como o Mês do Orgulho LGBT por causa da violência na Rebelião de Stonewall. Dessa forma, o episódio, que aconteceu em 28 de 1969, deu início às campanhas organizadas pelos direitos dessa comunidade depois de anos de perseguição policial e violência contra essa comunidade nos EUA.  

Julia Possa

Julia Possa

Jornalista e mestre em Linguística. Antes trabalhei no Poder360, A Referência e em jornais e emissoras de TV no interior do RS. Curiosa, gosto de falar sobre o lado político das coisas - em especial da tecnologia e cultura. Me acompanhe no Twitter: @juliamzps

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