Demonstrações de afeto proibidas; saiba mais da política LGBTQIA+ do Catar

Fifa ameaça punir jogadores que se manifestarem a favor dos direitos LGBTQIA+ durante os jogos da Copa do Mundo 2022 no Catar; entenda
Qual é a política do Catar para pessoas LGBTQIA+
Imagem: BBC Sports/Reprodução

Nesta segunda-feira (21), federações de sete países liberaram um comunicado conjunto dizendo que os capitães de seus times não usariam mais a braçadeira “One Love” na Copa do Mundo 2022 devido a pressões da Fifa. Estavam envolvidos no protesto as seleções da Inglaterra, País de Gales, Holanda, Dinamarca, Bélgica, Alemanha e Suíça.

A FIFA ameaçou dar cartões amarelos a qualquer jogador que usasse o acessório com as cores do arco-íris. O objetivo das equipes era demonstrar solidariedade à comunidade LGBTQIA+,  que é hostilizada no Catar, país sede da competição. 

A proibição não impediu os jogadores de protestarem por outras causas. No início do jogo Inglaterra x Sérvia, os britânicos se ajoelharam em protesto contra o racismo, enquanto o capitão do time, Harry Kane, usava uma braçadeira escrito “no discrimination”. 

Além disso, Alex Scott, ex-jogadora da seleção inglesa e comentarista da BBC Sport, ignorou o boicote da Fifa e utilizou a braçadeira “One Love” durante uma transmissão ao vivo dentro do estádio.

Política contra pessoas LGBTQIA+ no Catar

O sistema jurídico do Catar é baseado em um conjunto de leis islâmicas conhecido como Sharia. No país, ser homossexual é considerado crime, podendo ser aplicadas penas de até sete anos de prisão por violação dos artigos 285 e 296 do código penal.

Conforme explicou a Universa Uol, a lei fala na relação sexual entre homens, mas não menciona mulheres diretamente. As expressões públicas de afeto também não são juridicamente proibidas, mas podem indicar a existência de relação sexual, permitindo que os envolvidos sejam condenados. 

Além disso, qualquer homem que “induza” outros homens a cometer “imoralidades” é passível de punição. Consequentemente, manifestações pelos direitos LGBTQIA+ podem ser interpretadas como crime e levar os ativistas à prisão. 

Pesquisadores da ONG Human Rights Watch (HRW) conversaram com quatro mulheres trans, uma mulher bissexual e um homem homossexual que vivem no Catar e foram detidos entre 2019 e 2022. 

O grupo alegou ter sofrido abusos verbais e físicos, além de ter que assinar documentos dizendo que não praticariam mais “atividades imorais”. As mulheres trans foram ainda submetidas a terapias de conversão em clínica patrocinada pelo governo.

O governo do Catar disse que aceitaria turistas da comunidade LGBTQIA+ no país, já que eles estariam entrando como torcedores de um torneio de futebol. Porém, os organizadores do evento pediram para que não houvesse manifestações públicas de afeto, alegando que a medida protegeria a comunidade no país. 

Por outro lado, o Catar continua hostil a essa população. Khalid Salman, embaixador da Copa e ex-jogador do Catar, afirmou em entrevista ao canal de televisão alemã ZDF que homossexualidade é um “transtorno mental” e que ser homossexual é “haram” (“pecado” e proibido pela lei do Islã).

Carolina Fioratti

Carolina Fioratti

Repórter responsável pela cobertura de saúde e ciência, com passagem pela Revista Superinteressante. Entusiasta de temas e pautas sociais, está sempre pronta para novas discussões.

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