Ciência

80% dos pais afirmam vacinar os filhos, mas pesquisa desmente e mostra baixa adesão

Estudo mostra que confiança dos pais no sistema de vacinação brasileiro não reflete cobertura da imunização no país; entenda
Imagem: Ed Us/ Unsplash/ Reprodução

A maioria dos pais brasileiros (cerca de 80%) afirmam vacinar seus filhos e acreditam que a imunização é importante para a saúde de crianças e adolescentes. Este é o resultado do estudo “O que pensam os brasileiros sobre a vacinação de crianças e adolescentes em 2023?”, realizado por pesquisadores da FJLES (Fundação José Luiz Egydio Setúbal), da USP (Universidade de São Paulo) e da Rede de Pesquisa Solidária em Políticas Públicas.

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Apesar da percepção positiva, o cenário da cobertura vacinal de crianças e adolescentes não reflete as respostas dos pais. Nos últimos anos, as taxas de vacinação infantil no Brasil caíram de um patamar que atingia entre 90% e 100% da população para algo em torno de 50% a 70%.

Os resultados da pesquisa e o panorama de especialistas foram apresentados em um painel da  5ª edição do Fórum de Políticas Públicas da Saúde na Infância da FJLES, que foi sediada no Instituto Butantan.

Como os pais brasileiros enxergam a vacinação

Os pesquisadores entrevistaram cerca de 2 mil adultos de todas as cinco regiões brasileiras — entre eles, 1,3 mil eram pais. As vacinas analisadas incluíam a da tuberculose (BCG), tríplice e tetra viral, penta e hexavalente, rotavírus, pneumocócica, febre amarela, HPV e SARS-CoV-2. Todas elas estão disponíveis no PNI (Programa Nacional de Imunizações).

De modo geral, a maioria dos participantes da pesquisa apontaram que o que motiva a vacinação é a busca por evitar sintomas leves e graves de doenças. No entanto, outros motivos foram pontuados, como a facilidade de acesso à vacina e a existência de campanhas.

Os pesquisadores também questionaram os pais se eles permitiram que seus filhos fossem vacinados nas escolas contra três doenças específicas: gripe (influenza), o HPV e a Covid-19, por exemplo. A maioria respondeu que sim (89% para influenza, 88% para HPV e 83% para Covid-19).

Mas, analisando as respostas por regiões, os pais do Sul e Centro-Oeste tiveram uma menor aceitação às vacinas da Covid-19. De acordo com o Instituto Butantan, este pode ser um reflexo da desinformação que aumentou durante a pandemia.

Queda nas taxas de vacinação

Embora as respostas dos pais passem confiança no sistema de imunização brasileiro, nos últimos anos as taxas de vacinação vêm decaindo. Isso significa que confiar nas vacinas não significa, necessariamente, tomar a atitude de imunizar crianças e adolescentes.

Porém, há mais dois fatores que influenciam esse processo. O primeiro é a conveniência, ou seja, o quão fácil é acessar essas vacinas. Já o segundo diz respeito à complacência, que é a falta de percepção dos riscos envolvidos.

“Temos um programa de imunização historicamente bem sucedido que resultou no controle de diversas doenças. Com isso, as pessoas perderam a percepção dos riscos que envolvem essas enfermidades”, explicou na apresentação da pesquisa a economista Lorena Barberia, docente do Departamento de Ciência Política da USP e coordenadora científica da Rede de Pesquisa Solidária em Políticas Públicas.

Dessa forma, a cobertura vacinal da BCG, hepatite B e tríplice viral caiu de 95%, 100% e 95%, em 2016, para 64%, 54% e 56%, em 2023, respectivamente.

Além disso, a vacinação contra o vírus HPV alcança apenas 57% das meninas e 40% dos meninos. Eles devem receber a vacina entre os 9 e 14 anos. Os dados de vacinação são do SUS (Sistema Único de Saúde).

Confira o calendário de vacinação do SUS

Para vacinar seu filho, basta levá-lo a um posto ou USB (Unidade Básica de Saúde) com o cartão de vacinação da criança. Confira abaixo qual vacina deve ser tomada em qual idade.

80% dos pais afirmam vacinar os filhos, mas pesquisa desmente e mostra baixa adesão

Imagem: Ministério da Saúde/ Reprodução

O Ministério da Saúde explica que o ideal é que toda dose seja administrada na idade recomendada. Contudo, caso perca o prazo, basta buscar uma UBS e colocar a vacinação em dia. Para informações sobre a vacinação de adultos, idosos e gestantes, acesse o site do Conecte SUS aqui.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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